No carnaval de 2024, só se falava de como era boa a comunicação do prefeito do Recife, João Campos (PSB). Há um ano, Campos pintou o cabelo de branco, atendendo a um pedido de um cidadão recifense – o famoso “nevou” –, e praticamente garantiu a reeleição, que viria oficialmente em outubro.
De lá pra cá, João Campos ficou mais sério e passou a ser cotado para ser candidato a governador de Pernambuco, ou até mesmo vice do presidente Lula na disputa presidencial de 2026.
O tempo passa rápido e os interesses mudam. Se há um ano um político foi o assunto do carnaval, desta vez quem roubou a cena foi a atriz Fernanda Torres, que uniu o país e se tornou tema de fantasias carnavalescas Brasil afora.
Segundo números de audiência ao vivo no Estados Unidos fornecidos pela Nielsen, a cerimônia do Oscar 2025 obteve a maior audiência dos últimos cinco anos, com um total de 19,7 milhões de espectadores. E isso muito se deve à mobilização dos brasileiros em prol de Fernanda.
As redes sociais tiveram 104,2 milhões de interações durante a transmissão, superando outros grandes eventos, como o Super Bowl, a final do campeonato futebol americano, que registrou 62,4 milhões de interações; e o Grammy, com 102,2 milhões de interações.
Apesar de tratar do período da ditadura militar e ser classificado pelos mais radicais um filme “de esquerda”, até políticos de direita, como o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, entraram na torcida pela atriz nas redes. Fernanda não foi eleita a Melhor Atriz, porém, o filme Ainda Estou Aqui garantiu a estatueta de Melhor Filme Internacional do ano.
Toda essa comoção em torno de Fernanda Torres me chama atenção para a atual carência de ídolos no Brasil, o que, num contexto político, favorece o surgimento de “salvadores da Pátria”, como se propôs a ser Jair Bolsonaro.
A chegada de Fernanda Torres à prateleira das brasileiras inesquecíveis me remete à próxima grande data comemorativa no calendário nacional: o Dia Internacional da Mulher, em 8 de março, comemorado neste sábado.
Com certeza, veremos “homenagens” frias à data nas páginas de pessoas e instituições políticas. Mas, se você assessora algum político, aproveite para lembrar boas histórias e fotos de mulheres importantes na trajetória do seu chefe ou cliente.
Caso não tenha esse arquivo de memórias, traga dados que gerem impacto para a audiência, como o número de feminicídios no Brasil, que apesar de ter caído em 2024 ainda amedronta o País.
Outra estratégia é mostrar direitos conquistados por elas (as mulheres). Por exemplo, lembro que a primeira mulher senadora do Brasil foi eleita apenas em 1979.
Ou que o Distrito Federal só elegeu seus primeiros deputados e senadores em 1986, e apenas duas mulheres conquistaram mandato para representar a população da Capital da República na Assembleia Nacional Constituinte: Márcia Kubstchek e Maria de Lurdes Abadia.
Mas, caso nada disso te convença, simplesmente parabenize Fernanda Torres.
Ela merece!