Quem viveu a cena política de Brasília nos anos 1970 e 1980 certamente conheceu ou participou de algum movimento ao lado de Austregésilo de Melo. Mas dificilmente saberá identificar o personagem por este nome. Apesar de ter sido muito atuante em movimentos como as Diretas-Já, pelo fim da ditadura militar, a criação do Partido dos Trabalhadores (PT), da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o impeachment do ex-presidente Fernando Collor, ele sempre atuou nos bastidores. E jamais se apresentava pelo nome de batismo. Era conhecido pelo apelido: Astral.
Brilhante pensador e economista, é autor do capítulo “O Ciclo Orçamentário Brasileiro” do livro “Os Caminhos da Transparência”, publicado no início deste século com o apoio da ONG Transparência Brasil. Escreveu, ainda, o capítulo “As Transições Demográfica e Epidemiológicano Brasil Recente”, publicado em 2010 pela Universidade Federal de Pernambuco.
Devido a problemas de saúde, Astral se aposentou. E passou a viver uma vida reclusa na pequena Olhos d’Água, cidadezinha com cerca de 3 mil habitantes no município de Alexânia-GO, a 90 quilômetros de Brasília. Mas, se o corpo já não lhe permite as estripulias de alguns anos atrás, a cabeça de Austregésilo de Melo continua “a mil por hora”, produzindo e criando.
Sua mais recente investida é no mundo virtual. Em abril de 2020, criou o blog do Astral (https://astralmelo.wordpress.com/). A página na internet é totalmente autoral, desde a construção e a atualização, até a edição final. Ali, porém, ele não escreve como economista ou como Mestre em Saúde Pública pela Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz). Tampouco transmite seus conhecimentos em desenvolvimento industrial, orçamentos públicos ou como ex-assessor especial da Casa Civil da Presidência da República.
Quem visita o blog do Astral encontra fotografias, feitas por ele, do Cerrado, com suas árvores, flores e pássaros; aprecia belíssimas imagens do por-do-sol em brasas no sertão do Planalto Central; e se delicia com textos que falam de Olhos d’Água de Goiás, da construção de Ceilândia (DF) sob o olhar de um menino que crescia ali perto. E descobre a veia poética do Astral, com suas poesias que tratam das coisas da vida e do sertão.
As fotos são, principalmente, do Cerrado do Planalto Central. Mas Astral também publica imagens de praias, montanhas e lagoas de várias partes do Brasil por onde ele passa. Seus registros fotográficos retratam uma preocupação com a apresentação das belezas existentes no País, seus pássaros multicoloridos, suas flores (desde a frondosa aurora até as pequeninas do Cerrado da região Centro-Oeste), suas montanhas e outras paisagens.
Nos textos, é possível encontrar o relato do menino que acompanhou a transferência dos trabalhadores que construíram Brasília, levados dos acampamentos do Plano Piloto para a Ceilândia, e as agruras dos primeiros moradores. A esta aba ele dá o título de “O Menino das Asas de Zinco”.
E Astral conta, com orgulho e riqueza de detalhes, numa viagem entre Brasília e Goiânia dos compositores Zé Rodrix e Tavito. Durante o trajeto, eles escreveram e musicaram a canção “Casa no Campo”, imortalizada na voz da eterna Elis Regina.
Clicar no link https://astralmelo.wordpress.com/2020/04/10/converso/ é muito mais do que navegar num blog na Internet. É uma viagem no tempo com o Astral, na qual será possível conhecer a estranha estória “Uma estadia no Céu”, de um ateu que foi para o Céu,parafraseando o famoso poema de Artur Rimbaud, “Uma Estadia no Inferno”. O autor começa dizendo: “Morreu. De desgosto. Por tudo que está ai.” Nos versos, que o autor diz serem meio sem rimas e controversos, afirma:
Andando por ai,
cada um,
como quer,
acha seu lado.
Um mago,
numa manhã,
não escolhe atalho.
O passo vem do passado
rumo ao futuro,
em busca do novo,
vale a pena caminhar no escuro.”
Ou ainda:
Vez ou outra
Evaporo
poro a poro.
Em outras
Submerso
verso a verso.
à mostra,
aberto,
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