Este terceiro artigo fecha a série “PIB na gangorra”. Nos dois primeiros, tratamos da oscilação do Brasil na hierarquia dos maiores Produtos Internos Brutos (PIB) do mundo nos últimos 40 anos. E como foi o desempenho brasileiro neste período?
Na década de 1980 (Figueiredo, Sarney e 1º ano de Collor), o PIB cresceu 16,8%, mas a população cresceu 19,3%. Dessa forma, o PIB per capita regrediu 2,1% no período. Na década seguinte, a de 1990 (Collor, Itamar e seis anos de FHC), o PIB cresceu 29,2% e a população cresceu 17,4%. Consequentemente, o PIB per capita cresceu 10,0%.
Já na década de 2000 (dois anos de FHC e oito anos de Lula), o PIB cresceu 43,8% e a população 12,4%, resultando num incremento do PIB per capita de 28%. Foi a década não somente de maior crescimento do PIB, mas também a única em que se avançou na melhor distribuição da renda e da riqueza.
Lembremos de que, na década de 1970, dos ditadores Médici e Geisel, o crescimento do PIB foi maior, mas baseado numa brutal concentração da renda e riqueza.
Por fim, na atual década, o desempenho foi o seguinte: de 2011 a 2015 (governo Dilma), o PIB cresceu apenas 5,9%, ante um crescimento da população de 5,5%, o que resultou num diminuto crescimento de 0,4% do PIB per capita. Já na segunda metade da década, considerando a estimativa mais branda de queda do PIB este ano (6,25%), fecharemos o quinquênio com retração de 6,0% no PIB e queda brutal de 10,6% no PIB per capita. Isto revela que as reformas neoliberais pós-impeachment de Dilma apenas agravaram a crise econômica.
Separando-se os desempenhos em períodos de governos do PT e não PT, observamos que, nos oito anos de governo Lula, o PIB cresceu 37,5% (4,1% a.a.), que, somados ao crescimento de 5,9% (1,1% a.a.) nos cinco anos de Dilma, resultaram em crescimento de 45,6% (2,93% a.a.), que, confrontados a incremento populacional de 15,7% nesses treze anos, resultaram em aumento de 25,8% (1,8% a.a.) no PIB per capita.
Já nos 27 anos de governos Figueiredo/Sarney/Collor/Itamar/FHC/Temer/Bolsonaro, o PIB cresceu 48,4% (1,47% a.a.). Mas, ante o aumento de 51% da população, resultou em queda de 1,7% no PIB per capita (-0,07% a.a.).
Em suma, os números demonstram, cabalmente, não obstante equívocos cometidos, em que momento o País efetivamente cresceu nas últimas quatro décadas. Daí percebe-se o enorme poder da grande mídia e das fake news – a versão moderna de que “uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”, de Joseph Goebbels. Afinal, milhões de brasileiros acreditaram e ainda acreditam no mantra de que Lula e Dilma quebraram o Brasil.
(*) Doutor em Desenvolvimento Econômico Sustentável (UnB), ex-presidente da Codeplan e do Conselho Federal de Economia