Há algo diferente no ar. Tradicionalmente no Brasil o debate político só esquenta após a Copa do Mundo. Este ano, porém, mesmo com o torneio sendo realizado no País, as discussões em torno do pleito de outubro têm chamado mais a atenção do que a convocação da Seleção do técnico Luís Felipe Scolari.
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Na semana que passou, Felipão anunciou na quarta-feira (7) os nomes dos 23 jogadores que defenderão a camisa Canarinho. Mesmo com o forte bombardeio da mídia – as TVs abertas e por assinatura, emissoras de rádio, jornais e sites dando amplo espaço para a coletiva do técnico – nas rodas dos bares, no Congresso Nacional e na Câmara Legislativa predominou a discussão em torno da instalação de CPIs e das articulações de candidaturas ao GDF e ao Senado.
Já na terça-feira (6), estourou a notícia de que o delator do escândalo Caixa de Pandora, Durval Barbosa, confessou, em depoimento à Segunda Vara da Fazenda Pública, no dia 11 de abril, ter editado as fitas usadas como provas contra os denunciados no suposto esquema de pagamento de propina para deputados distritais em troca de apoio ao governo de José Roberto Arruda (PR) na Câmara Legislativa.
“Realmente houve edição nas imagens mencionadas quanto ao momento do início de cada diálogo e o seu final”, afirmou. Com base nisso, os advogados da defesa já estão trabalhando no sentido de anular as provas apresentadas pelo MPDFT.
Durval Barbosa confessou, ainda, que utilizou equipamento próprio para fazer escuta autorizada pela Justiça. A principal prova contra Arruda é a gravação de uma conversa entre ele e Durval, em 21 de outubro de 2009, em que falam sobre pagamentos a deputados da base do governo na Câmara Legislativa. A defesa do ex-governador sempre alegou que o delator manipulou o vídeo.
Na quarta-feira (7), o juiz Álvaro Ciarlini, da Segunda Vara de Fazenda Pública do DF, que condenou Arruda e o ex-presidente da Câmara Legislativa, Leonardo Prudente, além de outros oito acusados, foi afastado do julgamento de Prudente, filmado escondendo nos bolsos e nas meias dinheiro recebido de Durval Barbosa.
O afastamento de Ciarlini foi decidido pela Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), por 3×2, sob o argumento de que ele teria feito prejulgamento de condenados no processo. O Ministério Público do DF vai recorrer. Agora, os demais réus também podem pedir o afastamento de Ciarlini, que esta semana deve apresentar defesa à Corte, para avaliação se ele permanece ou não no caso.
Uma terceira linha da defesa para desqualificar o processo é pedir o afastamento dos promotores que atuaram no caso, com base em depoimento de Durval Barbosa. Ele afirma ter ouvido da promotora Deborah Guerner que seus colegas receberam propina de empresas de coleta de lixo. Guerner está afastada, suspeita de envolvimento em extorsão e vazamento de informações sigilosas.