Eleito em 2010 pelo PSDB, com forte apoio dos católicos seguidores do padre Moacir Anastácio, da Paróquia de São Pedro, de Taguatinga Sul, o deputado distrital Washington Mesquita não resistiu às atrações mundanas e às benesses do poder. Poucos meses depois de empossado, abandonou o discurso de oposição e se aliou ao Palácio do Buriti, tornando-se um dos mais fieis parlamentares da base de apoio do governador Agnelo Queiroz (PT).
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Em troca, recebeu a Administração de Taguatinga, assegurou recursos e infraestrutura de forma irrestrita para o evento anual de Pentecostes encabeçado por seu líder religioso e, claro, muitos cargos para seus apadrinhados no GDF, na Câmara Legislativa, no Tribunal de Contas do DF e até no Senado Federal.
Diante da contrariedade dos correligionários, que continuam até hoje na oposição ao GDF, o deputado optou por sair do PSDB. Juntou-se ao grupo que fundou o PSD no Distrito Federal, sob o comando do ex-governador biônico Rogério Rosso. Ali permaneceu até outubro do ano passado. Fechou acordo com o senador Gim Argello (PTB) e, novamente, trocou de partido. Filiou-se ao PTB, pelo qual pretende se reeleger este ano.
Mas, como na peça Toda Nudez Será Castigada, do jornalista e escritor Nelson Rodrigues, as peripécias de Mesquita também estão se voltando contra ele. Os tucanos, que tentaram, sem sucesso, lhe tomar o mandato na época em que ele decidiu abandonar o partido, retornaram à carga. No primeiro momento, Mesquita foi protegido pela lei que admite a saída de uma legenda para a fundação de uma nova agremiação que não tenha participado do pleito anterior – caso do PSD.
Este, no entanto, não é o caso do PTB. Baseado nisso, o PSDB, capitaneado pelo primeiro suplente e ex-deputado distrital Raimundo Ribeiro, voltou à carga, exigindo o mandato de Washington Mesquita. E na quarta-feira (14), o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) teve um entendimento diferente do anterior, dando razão aos tucanos.
Assim, os 21.111 eleitores de Mesquita deixarão de ter seu representante na Câmara Legislativa. Melhor para os 12.794 que votaram em Raimundo Ribeiro. Para isso, basta que a Corte Eleitoral mantenha a decisão aprovada por 6 votos a favor e apenas um contrário ao afastamento do parlamentar.
Resta-lhe, entretanto, a esperança de que seu recurso, a ser apresentado nos próximos dez dias, tenha o mesmo acatamento de outros deputados que também trocaram de partido. São os casos do Professor Israel Batista (PV), que foi eleito pelo PDT e depois passou pelo PEN; de Joe Valle (PDT), eleito pelo PSB; e Paulo Roriz (PP), que era do DEM e também teve uma breve passagem pelo recém fundado PEN. As velas na igreja de São Pedro estão acesas.