A falta de ideologia atinge todos os lados – e o centro – da política brasileira. Ao livrar o presidente Michel Temer pela segunda vez de ser investigado pelo Superior Tribunal Federal, a Câmara escancarou ainda mais seu jogo de cartas marcadas.
A bancada do DF é exemplo da incoerência entre discursos e ações dos deputados, tanto de esquerda, de centro ou de direita. Apenas Augusto Carvalho (SD) votou para a continuação das investigações nos casos de Dilma Roussef e de Temer por duas vezes.
Os outros sete brasilienses dançaram conforme a música. Votaram claramente mediante destinação de emendas, interesses pessoais ou partidários e fisiologismo de cargos.
Levantamento do Brasília Capital mostra como votou cada deputado do DF nas três denúncias. Ignorando os relatórios das comissões, na tabela abaixo, entenda: sinal de negativo, contra a continuação das investigações, de positivo a favor e traço, ausência.
As denúncias
Dilma – Em 18 de abril de 2016, o plenário da Câmara aprovou o relatório apresentado em comissão especial pelo deputado Jovair Arantes (PTB-GO) que indicava infrações da presidente Dilma Roussef na edição de decretos suplementares sem autorização do Legislativo e em desconformidade com um dispositivo da Lei Orçamentária que vincula os gastos ao cumprimento da meta fiscal. As famosas \”pedaladas fiscais\”. Dilma perdeu por 367 votos a favor e 137 contra o relatório.
Primeira de Temer – No dia 3 de agosto de 2017, o plenário da Câmara se deparou novamente com uma denúncia contra o Presidente. Michel Temer era acusado de corrupção passiva junto com seu ex-assessor Rodrigo da Rocha Loures (PMDB-PR). Dos 513 deputados, 263 votaram para o arquivamento da denúncia, seguindo o relatório de Abi-Ackel (PSDB-MG), e 227 votaram pela abertura de investigação pelo STF. Temer escapou.
Segunda de Temer – Na última quarta-feira (25), a Câmara votou, pela terceira vez em 18 meses, um relatório contra um presidente da República. A segunda denúncia, apresentada pela Procuradoria-Geral da República acusa Temer e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) de formação de organização criminosa e obstrução de Justiça. O placar ficou 251 contra a continuação das investigações a 231 a favor. Temer escapou novamente.
Placares:
Dilma, por pedaladas fiscais: 367 x 137
Temer por corrupção: 263 x 227
Temer por formação de organização criminosa e obstrução de justiça: 251 x 233