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Brasil, colaboradores

Valença, terra do café, do Jongo e de Clementina

Ascensão, queda e ressurgimento da cidade que é berço de várias tradições culturais brasileiras

  • Júlio Miragaya
  • 24/12/2025
  • 08:00

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Foto: Fui Ser Viajante

Júlio Miragaya (*)  

Há 160 anos, em 17 de dezembro de 1865, transcorrido um ano da Guerra do Paraguai e com a presença do Imperador D. Pedro II, foi inaugurada a primeira ponte rodoferroviária do Brasil, a ponte Barão de Juparanã. Com 170 metros, estrutura de ferro e pilares de pedra, até hoje liga a localidade de Barão de Juparanã, no município de Valença, e o município vizinho de Vassouras. 

Naquela época, Valença e Vassouras eram o epicentro da rica região cafeeira do Médio Paraíba Fluminense, que englobava ainda Piraí, Paraíba do Sul, Barra Mansa e as então localidades de Barra do Piraí e Rio das Flores. Num período em que o Brasil já respondia por quase 60% da produção mundial de café, segundo Afonso de Taunay em sua “História do café no Brasil”, a província do Rio de Janeiro gerava 80% do café produzido no país. Assim, a província respondia por cerca de 50% da produção mundial de café, sendo que a quase totalidade provinha da região do Médio Paraíba.

Para escoar a produção cafeeira para o porto do Rio de Janeiro, responsável por quase 90% das exportações brasileiras de café na década de 1860, a ferrovia chegou a Valença em 1871. Localizada entre os vales dos rios Paraíba do Sul e Preto, a região de Valença recebeu as primeiras sesmarias na década de 1770, ocupadas por imigrantes provenientes das já decadentes minas de ouro da província de Minas Gerais. 

A consequência foi o extermínio das tribos indígenas dos Coroados, dizimados pelos migrantes e por doenças por eles trazidas. Em 1807 é formada a Freguesia de Nossa Senhora da Glória de Valença, e em 1823 torna-se vila emancipada de Resende. Somente em 1857, já grande produtora de café, foi elevada à categoria de cidade, com 5 mil habitantes em sua sede.

BERÇO – O Brasil se aproximava do fim do regime de escravidão, mas o 1º Censo Demográfico, de 1872, apontava que dos 10,2 milhões de habitantes, pouco mais de 1,5 milhão (15%) eram escravizados. Só que nos seis municípios do Médio Paraíba Fluminense os 94,6 mil escravizados representavam 47,6% de seus 199 mil habitantes, e em Valença chegava a 55,8%. 

Esta é a razão de abordar Valença neste artigo. Além do que a cidade representou na emergência da economia cafeeira no Brasil em meados do século passado, merece destaque a sua enorme expressão cultural decorrente da cultura afrobrasileira.

Valença é um dos berços do Jongo, dança de roda de origem angolana, precursora do samba, que se espalhou por várias regiões do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais. Outras expressões culturais de destaque na cidade são o calango, o choro e a seresta (no distrito de Conservatória).

Não por acaso foi em Valença que nasceu, em 1901, a notável jongueira e sambista Clementina de Jesus. Também é natural de Valença a cantora Rosinha de Valença. A cidade ainda se destaca pelos vários terreiros de umbanda e, como expressão do sincretismo religioso, deve ser mencionada as festividades da Folia dos Reis, realizada em 6 de janeiro na Catedral de Nossa Senhora da Glória. A resistência à escravização se expressa num dos mais simbólicos territórios quilombolas do Brasil, a “Comunidade Negra Remanescente do Quilombo da Fazenda São José da Serra”. 

A partir de 1880, a economia cafeeira entrou em profundo decréscimo, em razão do esgotamento do solo e da concorrência da crescente produção do planalto paulista. Os cafezais foram sendo substituídos pela pecuária leiteira e por culturas de subsistência. Por 80 anos (1880 a 1960), sua população ficou estacionada em torno de 40 mil habitantes. Após, houve um expressivo surto da indústria têxtil nos 30 anos seguintes. Mais recentemente, a cidade se tornou importante polo universitário. Em 2025, totalizava 71,5 mil habitantes.

HOMENAGEM – Nessas últimas seis décadas, a luta de uma cidade se redescobrindo, algumas vezes associada à resiliência e riqueza cultural de suas comunidades, resultou num importante reduto progressista do Rio de Janeiro. Na eleição de 2022 – na qual, não obstante a vitória nacional de Lula, o estado do Rio de Janeiro concedeu maioria a Bolsonaro, batendo Lula no 2º turno com 52,7% dos votos contra 47,3% – Valença foi um dos poucos municípios fluminenses em que Lula, com 57,4% dos votos, superou Bolsonaro (42,6%). No 1º turno, Lula obtivera ampla vantagem (54,3% contra 37,1%). 

Mesmo nas atípicas eleições de 2018, quando Bolsonaro derrotou Haddad no Rio no 2º turno por larga diferença de 36 pontos percentuais (68% a 32%), Valença foi um dos 9 municípios fluminenses em que a diferença foi inferior a 13 p.p. (56,4% a 43,6%). Naquela eleição, Haddad venceu Bolsonaro em apenas 3 dos 92 municípios fluminenses, sendo dois situados no Médio Paraíba (Rio das Flores e Levy Gasparian). 

Este artigo é também uma homenagem que presto a meu irmão João Miragaya, médico radicado com sua família em Valença há 45 anos.

(*) Doutor em Desenvolvimento Econômico Sustentável, ex-presidente da Codeplan (atual IPEDF) e do Conselho Federal de Economia

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Júlio Miragaya

Doutor em Desenvolvimento Econômico Sustentável, ex-presidente da Codeplan e do Conselho Federal de Economia

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