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“Os verdadeiros artistas criam coisas reais e que serão usadas […] Design não é apenas o que parece e o que se sente. Design é como funciona”. É nessa frase de Steve Jobs, sócio fundador da Apple, que o professor de artes Ciro Naum Rockert dos Santos, do Centro Educacional (CED) Myriam Ervilha, se inspirou para unir artes e informática e envolver mais de 80 estudantes do Ensino Médio na construção de novas tecnologias para facilitar a vida. A história pode ser assistida em vídeo, clique aqui.
Os estudantes criaram diversos aplicativos para atender à população de Água Quente – lugarejo vinculado às Regiões Administrativas de Samambaia, Ceilândia e Recanto das Emas, no Distrito Federal –, e de Santo Antônio do Descoberto (GO). O professor Ciro entrou no Myriam Ervilha este ano. Adotou a metodologia de ensino baseada em desafio e criação de aplicativos e jogos. Um dos aplicativos já está rodando em versão beta na Google Play e na Apple Store.
Ao todo, são 12 protótipos de apps prontos para serem apresentados e que já estão sendo divulgados e levaram as turmas a participar da Campus Party 2022. Dentre os apps desenvolvidos, destaque para o Run App (mototáxi); Tilary App (mobilidade urbana via carro, moto e entrega de produtos); Recipe Point (Pinterest da gastronomia com o melhor das receitas culinárias do Brasil e do mundo); Meu Cronograma (gerenciador de tempo e tarefas com opção de tabelinha menstrual e remédio se for mulher, água, refeição e treinos).
Também encararam o desafio de competir com apps de sucesso, como o PlayDance (criado para ser superior ao TikTok por oferecer funcionalidades, edição e efeitos melhores); Pró-Vita (saúde via reeducação e controle alimentar); Young Wallet (carteira digital para compra e venda de criptomoeda e NFT e opção de ver lojas cadastradas que aceitam moedas digitais); HandMade (ajudar mulheres autônomas e artesãs via marketplace para publicar produtos feitos à mão, como roupas de crochê, bisquit, bolsas, bolos , quadros, colares e joias em geral).
Os alunos do Myriam Ervilha buscaram inovar e apresentar app de inclusão social, como o Easy Libras (projeto de inclusão: tradutor de libras para texto e áudio. Chat para deficientes auditivos); Pente Fino (agenda virtual para cabelereiros, manicures, pedicuros e salões de beleza em geral); Padaria Delivery (entrega de pães quentinhos e produtos de padaria em casa); My Diary Drawing (plataforma para coleção de obras de arte; portfolio online); mais um de jogo ainda sem nome.
Todas as turmas de 3º Ano se envolveram no Projeto de Aplicativos do CED Myriam Ervilha, do Projeto Escola Imersiva, cujo tema é Empreendedorismo na Rede Pública de Ensino, Criação de Startups, Aplicativos, Jogos e Arte em NFT. “Queria que os terceiros anos já fossem preparados para as artes em design, em app design, em web design para o mercado de trabalho. Alguns alunos de 2º Ano quiseram participar. Entraram na equipe e criaram o grupo i-Students NFT, que, por sua vez, criou arte em NFT”, conta o professor.
Com uma longa experiência em criação de startups, Ciro levou para o magistério público o conhecimento adquirido na iniciativa privada. “Em 2018, após assumir o concurso público, comecei a ensinar aos alunos de outra escola da rede pública a criação de jogos e aplicativos. Em 2019, melhorei isso e fui o primeiro professor da rede pública do DF a levar os alunos para a Apple Development Academy. Assim, 80 alunos do Myriam Ervilha participaram da criação de 20 aplicativos, mas só 40 puderam ir por causa da limitação de ônibus e do espaço físico”, conta.
“Nas aulas, eu mostrava os seis direitos sociais contidos na Constituição, e os estudantes seguiam esse princípio de criação, em proteção de lazer, moradia, transporte público etc. Ou seja, criaram aplicativos que respondiam à pergunta: o que mais lhe incomoda na sociedade e na vida que você gostaria de resolver por meio de um aplicativo?”, explica.