Num intervalo de 15 dias, milhões de brasileiros foram às ruas com objetivos distintos. No dia 15 de maio, em 222 cidades de 26 estados e do DF, mais de um milhão de pessoas protestaram contra os cortes (o governo chama de “contingenciamentos”) na educação. No domingo (26), cerca de 800 mil simpatizantes de Jair Bolsonaro, em 156 cidades de 26 estados e do DF, hipotecaram apoio ao presidente. Na quinta (30), opositores voltaram a protestar no DF e em outras 25 unidades da federação, num total de 136 cidades, contra o governo. Isto mostra que o país continua dividido e que o presidente eleito em outubro ainda não desceu do palanque.
Nos atos pró-Bolsonaro, a presença majoritária era de homens e mulheres brancos, de classe média. Público diverso do que protestou contra o governo, formado em grande parte por estudantes, professores e representantes LGBTS. Também saltou aos olhos a desfaçatez dos chefes dos poderes Legislativo e Judiciário.
Nos atos do dia 26, bolsonaristas atacaram o Congresso e o STF, enquanto, pelo Twitter, o presidente incentivava seus seguidores. Na segunda (27), Bolsonaro convidou os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia; do Senado, Davi Alcolumbre; e do Supremo, Dias Toffolli; para um café da manhã no Alvorada. Na terça (28), o grupo se confraternizava como se nada tivesse ocorrido dois dias antes.
De fato, homens brancos da elite política nacional têm uma moral diferenciada da esmagadora maioria da população brasileira. Mas de tão distantes, parecem próximos. O rápido esquecimento dos ataques sofridos remetem os comandantes dos poderes da República ao funk do MC Naldinho: “Um tapinha não dói”.
Homens brancos da elite política nacional têm uma moral diferenciada da maioria da população brasileira