Hélio Doyle (*)
Um fantasma ronda a reeleição do governador Ibaneis Rocha. Esse fantasma tem nome – Flávia – e, principalmente, sobrenome: Arruda. A possibilidade de a deputada e ministra Flávia Arruda vir a ser candidata ao governo do Distrito Federal, com apoio de Jair Bolsonaro – embora ela não seja “raiz” –, assusta Ibaneis. Sem Flávia na disputa, o governador já se considera no segundo turno em 2022. Com ela, o quadro muda.
Ibaneis tem sido, em todas as pesquisas confiáveis realizadas desde 2019, um governador mediano, regular. Ou medíocre, na acepção original da palavra. Cerca de 40% dos eleitores consideram sua gestão regular, 30% como ótima e boa e 30% como ruim e péssima. Há equilíbrio também entre os que aprovam e os que desaprovam seu governo.
Mesmo eleitorado
Com esses números e quase um ano pela frente para inaugurar obras e melhorar seu desempenho – dinheiro não falta – Ibaneis pode disputar a reeleição com a segurança de ir para o segundo turno. O que se diz hoje é que Flávia será candidata ao Senado. Mas, se ela resolver se descolar do governador, ou as circunstâncias políticas a levarem a concorrer ao governo, ambos estarão disputando a mesma faixa do eleitorado. E a tendência será de que apenas um deles vá para o segundo turno.
A eleição para presidente é um dos fatores que podem afastarIbaneis e Flávia. Não se sabe quem será o candidato do MDB, o partido de Ibaneis. O PL de Flávia poderá ser o partido pelo qual Bolsonaro, de quem ela é ministra, vai disputar a reeleição. Mas, tanto Ibaneis quanto Flávia, e especialmente o marido dela, José Roberto Arruda, sabem que é melhor os dois não disputarem o mesmo cargo. Um deles pode ficar fora do segundo turno, até porque há outros possíveis candidatos no seu campo.
Pesquisa
Em pesquisa recente,Ibaneis teve de 19% a 25% das intenções de voto, Flávia, de 9% a 15%, e o senador Reguffe de 4% a 10%. Se continuar em um partido de direita, o Podemos, que deverá ter Sérgio Moro como candidato à presidência, Reguffe não será apoiado por partidos à esquerda, como em eleições anteriores. Além disso, não é considerado de oposição aIbaneis, a quem raramente critica.
Já o senador Izalci Lucas, do PSDB, faz cerrada oposição a Ibaneis, mas também está no campo da direita. Ele tem entre 1% e 7% das intenções de voto. Sendo Ibaneis ou Flávia a ir para o segundo turno, o outro polo poderá estar aberto à esquerda, especialmente se o candidato estiver mais ao centro, onde se localiza a maioria do eleitorado brasiliense.
União
Mas isso só será possível se os partidos desse campo político se unirem em torno de um único candidato a governador. Se a oposição à esquerda se dividir em dois ou mais candidatos, o segundo turno poderá ser entre Ibaneis e Flávia. Ou entre um deles e outro candidato da direita.
É só lembrar como foi no Rio de Janeiro, em 2020.
(*) Jornalista e professor da UnB, integrou a coordenação das campanhas de Cristovam Buarque, Joaquim Roriz, Maria de Lourdes Abadia e Rodrigo Rollemberg
** Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasília Capital