Após denúncias feitas pelo Brasília Capital (edição 478) sobre a situação fiscal e educacional da Universidade Católica de Brasília (UCB), a reitoria alterou a carga horária dos alunos e professores. A proposta oficializa que os estudantes pagarão por 4 horas-aula e os professores serão remunerados por somente 3 horas.
A proposta da reitoria da UCB para recompor os 25% da carga horária paga pelo estudante será a execução de trabalhos e provas que ficará sob a responsabilidade de um único professor. Ou seja, haverá uma significativa economia no pagamento aos docentes, uma vez que apenas um profissional supervisionará as tarefas de todos os alunos.
Por exemplo: caso um curso tenha quatro disciplinas por semestre, a universidade deixaria de pagar 40 horas e passaria a pagar apenas 4 horas (economia de 36 horas-aula pagas aos professores). Já os estudantes, que antes tinha atividades para cada disciplina, passariam a ter atividades gerais. A reitoria propõe, ainda, retirar uma hora de aula dos estudantes e unir turmas.
O objetivo de todas essas alterações é reduzir custos. Mas os alunos apontam queda na qualidade do ensino e dizem que as aulas on-line são repetidas de semestres anteriores.
UBEC – A proposta da reitoria para contenção de despesas foi debatida pela alta cúpula União Brasileira de Educação Católica (Ubec), mantenedora de instituições de ensino católicas no País. O diagnóstico da Ubec é que a UCB tem alto custo e, por isso, as mudanças precisam ser efetivadas.
Com o propósito de equilibrar as contas da universidade foram nomeados o reitor Ricardo Calegari, que acumula a Pró-Reitoria Acadêmica, e o Pró-Reitor Édson Cortez, ambos trazidos de São Paulo.
Um professor, que prefere não se identificar, afirma que a proposta da UCB “não cumpre a carga horária devida, mas será usada para maquiar as horas que a reitoria pretende economizar nas contas da UBEC”. As denúncias contra a UCB se acumulam no Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Particulares de Ensino (Sinproep).
UCB precisa mudar
Enquanto professores reclamam do sucateamento da Católica, críticas às novas metodologias de ensino da universidade se multiplicam entre os alunos. Na contramão do que afirmou a UCB ao Brasília Capital, os alunos afirmam que os questionamentos já foram apresentados à administração da instituição. Foi criado, inclusive, um perfil no Instagram para reunir relatos.
Os alunos pedem explicações à Universidade sobre: desligamento em massa de professores e técnicos; queda na qualidade do ensino; redução na carga horária sem aviso formal aos estudantes; não redução da mensalidade; necessidade de retorno imediato das práticas para cursos da saúde e aulas gravadas de semestres anteriores sem interação entre aluno e professor.
Uma aluna, que também preferiu o anonimato, relata que trancou o curso. Ela afirma que “a instituição está veiculando aulas gravadas e recicladas do semestre anterior, durando bem menos que o previsto presencialmente”. No curso dela também houve alteração na reposição de aulas práticas, que foram reduzidas pela metade, com cortes no conteúdo.
Informe Católica
A Universidade Católica de Brasília encaminhou os seguintes esclarecimentos ao Brasília Capital:
1 – Não houve desligamento em massa na Universidade. As movimentações de contratação e desligamento de docentes seguiram o fluxo normal da gestão de uma instituição de ensino. A UCB conta com inúmeros colaboradores diretos registrados, sendo uma das IES que mais emprega no DF, além dos colaboradores indiretos, terceirizados e fornecedores.
2 – Em avaliação realizada pela Comissão Própria de Avaliação, este ano, os alunos avaliaram instituição com níveis de qualidade muito satisfatórios. Temos os melhores indicadores acadêmicos, segundo as avaliações do MEC, com cursos como Administração, Ciências Contábeis e Ciências Econômicas com nota máxima e Índice Geral de Cursos nota 4 (o maior do DF). Logo, entendemos que ofertamos ensino de qualidade, sempre com busca da excelência.
3 – Não houve redução de carga horária aos estudantes. A única mudança foi de acordo com a legislação, de tornar as aulas mediadas por tecnologia, mantendo integralmente sua carga horária e conteúdo.
4 – Não houve redução de carga horária e as mensalidades seguem conforme contratado pelos estudantes. Devido à pandemia, estabelecemos políticas especiais de desconto para estudantes afetados economicamente pela crise.
5 – Não há previsão de reajuste de mensalidades neste semestre.
6 – A orientação aos docentes é que as aulas sejam síncronas. Aulas assíncronas podem ter ocorrido como caso isolado, o que não significa redução de qualidade do material apresentado aos estudantes.
7 – Não foi feita nova proposta de carga horária para alunos e professores.