Todo o planejamento para que as metodologias sejam postas em prática deve-se à contribuição de órgãos como a Secretaria de Saúde, a Polícia Civil e outras forças de segurança. Com a ajuda da Polícia Civil, por exemplo, o Detran consegue estatísticas relacionadas a características dos acidentes, locais com maior frequência e perfis dos envolvidos. “Isso vai nos dando um norte para as campanhas, para a fiscalização; nos mostra, por exemplo, um lugar com alto índice de acidente que tem algum problema de engenharia.”
Os dados não se referem apenas a motoristas, mas a ciclistas, pedestres e motociclistas. O cuidado possibilitou que as campanhas fossem direcionadas a todos os públicos. “O Detran passou a trabalhar a questão do álcool não somente com o condutor, mas com o pedestre e com o ciclista. Se você ingerir álcool, deve se afastar das vias”, exemplifica o diretor-geral da autarquia. Informações importantes também chegam pela Secretaria de Saúde, que acaba tendo a rede afetada diretamente com os acidentes de trânsito.
A qualidade dos atendimentos prestados pelos servidores do Corpo de Bombeiros e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) também é determinante para a marca, de acordo com o Detran.
Sala de aula
Para difundir a ideia de que o trânsito é para todos, o Detran também investe em capacitação de professores da rede pública. O curso é a distância e foi criado em agosto. Desde então, mais de 550 docentes da educação infantil e do 4º ao 7º ano se matricularam. “Repassamos o conceito de mobilidade, que não é referente só a carro, mas também a pedestre, a transporte coletivo”, detalha o diretor de Educação de Trânsito, Álvaro Sebastião Teixeira Ribeiro.
No caso das turmas com professores do 4º ao 7º ano, são abordados temas que façam os estudantes compreender melhor a locomoção pela cidade e conhecer os seus direitos e deveres na via. Para profissionais que lidam com alunos mais novos, a capacitação ajuda a utilizar em sala de aula jogos criados pelo Detran em parceria com a Secretaria de Educação. São seis tipos de brincadeiras que, em 2018, serão distribuídos prioritariamente entre as escolas com professores que se matricularam no curso.
Além disso, a Diretoria de Educação de Trânsito promoveu 28 palestras em várias regiões do DF e atendeu mais de 2 mil professores em 2017. “A gente precisa de multiplicadores. Trabalhamos para que o trânsito faça parte da vida das pessoas desde cedo e para que o aluno crie a cultura de respeito ao próximo; não se preocupe apenas com a fiscalização, mas faça tudo certo por uma questão de respeito”, resume Silvain Fonseca.
Prevenção
Depois de avaliar que grande parte das batidas entre carros e motocicletas ocorriam nos semáforos, porque o motorista, muitas vezes, não enxerga o motociclista, o Detran criou bolsões. Trata-se de uma faixa para motocicletas na área de retenção próximo aos semáforos. Tem cerca de 1,5 metro de comprimento e garante que quem está pilotando fique à frente e saia antes dos demais. Apesar de a motocicleta representar apenas 11% da frota do DF, ela está envolvida em um terço dos acidentes. Outra estatística preocupante é que, a cada 10 motociclistas parados, quatro são inabilitados, segundo o departamento.
O órgão de trânsito também investe em tecnologias de monitoramento perto de escolas e reforça fiscalizações de parceiros, como o Departamento de Estradas de Rodagem (DER), a Polícia Militar e a Polícia Rodoviária Federal. Em outra parceria com a Polícia Civil, o Detran passou a monitorar pessoas com o direito de dirigir suspenso, mas que continuam circulando. Cerca de 1,5 mil condutores têm seus itinerários monitorados. “Elas deixam um rastro de infrações e acabam sendo abordadas, encaminhadas à delegacia e autuadas”, explica Silvain Fonseca. A suspensão ocorre, principalmente, por dirigir sob o efeito de álcool. “Alguns, inclusive, mataram no trânsito”, alerta.
Cidades Limpas
Em um ano do programa Cidades Limpas, também foram revitalizadas mais de 4 mil sinalizações horizontais e verticais. “Garantir a segurança dos pedestres e condutores e assegurar a melhor fluidez das vias públicas estão entre nossas metas”, enfatiza Marcos Dantas, secretário das Cidades, pasta coordenadora da força-tarefa.
Ainda houve, nas 29 edições do programa, a pintura de 1,1 milhão de metros lineares de meios-fios e a operação tapa-buracos, com 2 mil toneladas de massa asfáltica na recuperação de pistas do DF. Quase 250 carcaças de carros foram recolhidas das ruas.