Candidata ao Senado em 2022, quando recebeu mais de 356 mil votos, Rosilene Corrêa pretende disputar uma vaga de deputada federal em 2026 e já confirmou sua pré-candidatura pelo PT. Diretora da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), a sindicalista fala, nesta entrevista ao Brasília Capital, sobre a importância da representação feminina no Congresso e analisa o cenário político do DF, que considera mais favorável aos partidos do campo progressista do que há quatro anos. “Queremos ampliar nossa bancada, com presença do movimento sindical”, afirma.
Você concorreu ao Senado em 2022 e agora se coloca como pré-candidata a deputada federal. Como será essa transição e o que espera colher dos votos obtidos há três anos? – Uma candidatura majoritária é muito diferente de uma proporcional. Em 2022, tivemos 356.198 votos, um resultado expressivo para uma primeira disputa, para uma candidatura vinda do movimento sindical e da educação. Isso se deu pela dedicação da militância e pela boa aceitação do nosso nome, que foi além da federação PT-PV-PCdoB. Agora, estamos construindo a pré-candidatura à Câmara Federal, com os desafios que cenário atual impõe.
O DF tem formado bancadas conservadoras. Com a provável candidatura da deputada Erika Kokay ao Senado, sua ideia é preencher a lacuna da esquerda na Câmara? – A candidatura da Erika ao Senado é estratégica. A extrema direita quer maioria ali, e ela é a maior liderança do campo progressista no DF. Nossa aposta é elegê-la, mas também manter uma mulher representando o DF na Câmara. O cenário hoje é mais favorável do que em 2022. Queremos ampliar a bancada progressista, com forte presença do movimento sindical.
Em 2022, Lula cedeu a cabeça de chapa no DF ao PV, dentro de uma composição nacional. Isso pode ocorrer novamente? – Tudo é possível. Ainda é cedo. Mas o PT tem nomes fortes, como Geraldo Magela (ex-deputado) e Leandro Grass (presidente do Iphan). Pode até surgir um terceiro nome, e isso é legítimo. Caso haja uma necessidade nacional de composição, o debate será feito no momento certo. O que está posto hoje é que temos condições reais de disputar o Buriti.
O que acha da movimentação do ex-governador José Roberto Arruda, condenado por corrupção e outros crimes, para voltar a disputar o GDF? – O natural seria que não houvesse condições políticas para isso, porque não se trata de alguém inocentado. Mas a política é dinâmica. E se a lei permite, caberá ao eleitor do DF julgar. Eu creio que é hora de dar mais seriedade à política.
Como vê a disputa ao Senado, que deve reunir nomes fortes, como Erika, Leila, Bia Kicis, Ibaneis Rocha e Michelle Bolsonaro? – Estou otimista. Serão duas vagas, o que muda tudo. Quem vota na Leila tende a votar na Erika, e vice-versa. Vamos trabalhar para eleger as duas. A união das campanhas pode fortalecer esse projeto. É difícil imaginar um mesmo eleitor votando em Erika e Michelle ou Leila e Ibaneis, porque são visões completamente opostas. A tendência é o campo progressista caminhar junto.
Como está a preparação do PT para enfrentar a atual gestão, liderada por Celina Leão? – Vivemos outro momento. O governo Lula tem entregado resultados, o que melhora o ambiente político. Isso nos ajuda a dialogar com a população e mostrar o que o governo federal tem feito pelo DF. Em 2022, Lula ainda lutava por sua volta à Presidência. Hoje, o Brasil é outro, e isso reflete nas eleições locais. Temos totais condições de voltar a governar o DF.
Quais bandeiras você pretende levar à Câmara, caso seja eleita? – A dignidade é tema central. O DF é uma das regiões mais desiguais do País. Precisamos mudar isso. Temos condições de ter a melhor educação e os melhores salários para os profissionais da educação. Quero representar não só o serviço público, as mulheres, mas toda a população. O papel de um parlamentar é identificar as reais necessidades e atuar para resolvê-las. Quero ser essa facilitadora.