Moradores de Taguatinga estão mobilizados contra a construção de dois postos de gasolina em quadras residenciais. Um dos estabelecimentos é na QNA 25 lote 1, em plena Praça do DI, e o outro fica à margem do Pistão Norte, na QND 46 lote 2.
Para organizar as ações populares a serem encaminhadas ao Ministério Público do DF e Territórios, o grupo intitulado Defensores de Taguatinga se reúne na terça-feira (19), a partir das 19h, no restaurante Recanto do Camarão, na Praça do DI.
O líder comunitário José Luís Ravenna, um dos organizadores do ato, afirma que esse tipo de atividade econômica em áreas residenciais pode causar transtornos e oferecer riscos à população.
“Os dois postos estão praticamente colados nas casas e serão construídos em pontos onde a circulação de veículos já é muito intensa. Certamente, o impacto no trânsito será importante e causará ainda mais transtornos aos motoristas e aos vizinhos”, acredita Ravenna.
Perigo – Na QND 44 lote 2, o gerente do Centro Automotivo Auto Show, Roberto Carlos Silva, não tinha informação sobre o que será construído por trás do tapume erguido em frente ao seu trabalho. Mas acredita que se for um posto de gasolina “será bom para todo mundo”, pois não existe esse tipo de serviço ao longo de todo o Pistão Norte.
Na Escola Classe 15, em frente ao terreno do futuro posto, o diretor Édson José avalia que o posto de gasolina vai complicar a situação dos estudantes. “Temos muitos alunos que moram em Vicente Pires e na Vila São José. Atravessar o Pistão sempre foi perigoso e, com um posto de gasolina, com certeza vai piorar”, avalia.
A professora de Virgínia Karlla Pereira é radicalmente contra a construção do posto. “É um absurdo. Vai aumentar muito o risco de acidentes com nossos estudantes, que são crianças de seis a 12 anos”, diz. Ela recorda que no ano passado uma menina de 8 anos foi atropelada por uma van na porta do colégio.“Deve haver algum interesse inconfessável por trás de uma permissão dessa”, desconfia a pedagoga.
A unidade da QNA 25 fica em frente à loja Agrocenter. O vendedor Walter prefere não opinar sobre possíveis consequências com a abertura do posto. Mas, sem se identificar, clientes e outros funcionários da loja apostam que os transtornos serão inevitáveis. Do outro lado da rua, a gerente do bar Skina Carioca, Elizete Ribeiro, diz não ter nada contra. “Concordo com a obra”, resume.
A administradora de Taguatinga, Karolyne Guimarães, afirma que só assinou o alvará de construção do posto da QNA 25 após seu Departamento Jurídico analisar que estava tudo dentro da lei. Já a autorização para início da obra da unidade da QND 46 foi emitida pela Central de Aprovação de Projetos (CAP).
Ambos os órgãos se basearam nas Licenças de Instalação concedidas pelo Instituto Brasília Ambiental (Ibram). Este, porém, faz uma ressalva, no item 14 do documento assinado eletronicamente pelo presidente Aldo César Vieira Fernandes: “a licença foi concedida com base nas informações prestadas pelo interessado”.
Quanto às condicionantes, o Ibram observa que a licença “autoriza a instalação e não o funcionamento do posto ao término das obras. Para isto, o interessado ainda precisará requerer a Licença de Operação”.
Os dois postos pertencem à Rede Braga, do empresário Wilson Moreira Braga. O gestor Valney Martins afirma estar tranquilo quanto à documentação para instalação das duas unidades. Segundo ele, a empresa recolheu as taxas das de Outorga Onerosa de Alteração de Uso (Onalt) junto à Terracap após aprovar a destinação dos lotes no Plano Diretor Local (PDL) de Taguatinga.
Além das licenças da Terracap, do Ibram, da Administração Regional e da CAP, ele disse estar cumprindo todas as exigências técnicas para funcionamento dos postos. Afinal, cada um deles terá três tanques com capacidade para 30 mil litros de combustívelcada. Ou seja, qualquer falha pode resultar numa grande tragédia.
Independentemente das explicações técnicas, os Defensores de Taguatinga são contra o funcionamento dos postos naquelas áreas. “É uma atividade de alto risco. Os vizinhos não foram consultados e nós vamos demonstrar isso junto ao Ministério Público”, completa José Luís Ravenna.