“Casos de bactérias multirresistentes são comuns em toda a rede e ultrapassam os muros dos hospitais.” A frase, da coordenadora-geral de Infectologia do Governo do Distrito Federal, Maria Lourdes Lopes, desafia a capacidade da saúde da capital em controlar um possível surto nos hospitais públicos. Situação agravada pela morte de três idosas infectadas por superbactérias. Luzia Quintino Rocha, 79 anos, e Inácia Gonçalves Araújo, 80, morreram domingo no Hospital Regional de Taguatinga (HRT). A primeira estava com a temida Klebsiella Pneumoniae Carbapenemase (KPC), que matou 18 pessoas no DF em outubro de 2010. Já Inácia havia contraído enterococo, outra superbactéria. Ontem, uma terceira mulher, Maria Rosa Freitas, 70, também infectada por enterococo, não resistiu no HRT. Cinco pessoas continuam isoladas na unidade de Taguatinga e três, no Hospital Regional do Guará (HRGu). Ao todo, 25 pacientes tiveram amostras coletadas sob suspeita de estarem infectados com os organismos multirresistentes, e 17 deles foram liberados após os exames apontarem resultados negativos. Segundo a Secretaria de Saúde, o HRT volta hoje a funcionar normalmente depois de cinco dias com serviços interrompidos por conta da “endemia”.
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As famílias se queixam de falta de informações. Luzia Quintino havia sido internada há 23 dias no HRT com uma fratura no fêmur. Segundo parentes da idosa, ela ficou pelo menos 12 horas em uma maca em frente a um banheiro. “Só a tiraram de lá depois que eu reclamei. Depois da morte, eles (equipe médica) tentaram dizer que ela já tinha chegado com a infecção, o que não é verdade. Nós vimos a piora dela durante os dias, várias culturas (procedimento feito para teste laboratorial) foram feitas até o isolamento. Um primo meu conseguiu vê-la de longe com um papel colado na maca escrito KPC”, reclamou Tuane Reis Lelis, 33 anos, neta de Luzia. Durante o período em que a mulher esteve hospitalizada, a família diz não ter sido comunicada oficialmente sobre a infecção com a superbactéria.
Uma enfermeira do HRT, que não quis se identificar, disse ao Correio que a ordem da chefia médica é não repassar informações aos familiares dos pacientes nos casos de infecção por superbactérias. “Eles (médicos) falam que esse comunicado deve ser autorizado pela Secretaria de Saúde e pela direção do hospital. Às vezes, ouvimos alguns comentários sobre os pacientes, mas não podemos falar nada. A equipe inteira fica sabendo e não pode falar uma palavra”, revelou. Segundo a servidora pública, as condições de limpeza no hospital são precárias. “Às vezes, faltam alguns itens de proteção”, contou.
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