O Sindicato dos Professores no Distrito Federal participou, quarta-feira (18), na Câmara dos Deputados, da homenagem ao educador Paulo Freire. Se estivesse vivo, ele teria completado 98 anos na quinta-feira (19). Para rememorar as ideias e ressaltar a importância do educador no Brasil e no mundo, a Comissão de Educação da Câmara e a Frente Parlamentar em Defesa da Escola Pública e em Respeito ao Profissional da Educação realizaram o debate “Paulo Freire: Contribuição social, política e pedagógica”.
O Sinpro-DF foi representado pela diretora Rosilene Corrêa, que também é membro das diretorias da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT) do DF. “Neste momento em que vivemos no Brasil, especialmente na árrea da educação, falar de Paulo Freire nos revigora. É a prova de que o brasileiro tem a obrigação da resistência, de fazer valer o que aprendemos com ele, que está tão vivo entre nós\”, disse Rosilene.
O debate contou com a participação de Dimas Brasileiro Veras, doutor pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Pernambuco; de Erasto Fortes, doutor em Educação pela Unicamp, e das deputadas Luiza Erundina (Psol-SP) e Professora Rosa Neide (PT/MT).
Rosilene mencionou a política do MEC, que quer impor a militarização das escolas no País: \”A resistência passa pelo combate a essa tentativa de colocar polícia nas escola, como se os bandidos estivessem dentro delas. No entanto, na verdade, nós, educadores e estudantes, somos vítimas da violência e do descaso do Estado\”. A palestra foi a oportunidade de os participantes enalteceram o pensamento e as contribuições do educador e filósofo à educação e à sociedade.
Um discurso de amor
Paulo Freire foi secretário da Educação do município de São Paulo no fim dos anos 1980, na gestão da prefeita Luiza Erundina. Hoje deputada federal pelo Psol, ela disse que o conheceu quando ele retornou do exílio imposto pela ditadura militar e que já conhecia seu método de alfabetização e seu trabalho de emancipação dos trabalhadores do campo de Pernambuco. E conta que, na época, se surpreendeu com o discurso de Freire para formandos em Serviço Social.
\”A gente esperava um discurso ressentido. Afinal, 16 anos de exílio não é pouca coisa. Mas ele fez uma fala amorosa. Não falou do sofrimento, e sim da alegria de estar voltando à sua terra. Foi uma manifestação de afeto, de alegria, do quanto ele estava feliz com a oportunidade de trabalhar de novo com o seu povo. Aquilo me emocionou. Foi um encontro definitivo\”, declarou a deputada.
Erasto Fortes, professor da Universidade de Brasília, apresentou o livro \”Direitos humanos e educação libertadora – gestão democrática da educação pública na cidade de São Paulo\”, que organizou juntamente com Ana Maria Freire, pela Editora Paz e Terra. A coletânea reúne escritos e falas de Paulo Freire no período em que ele foi secretário de Educação da capital paulista. O livro traz um encarte com imagens marcantes, reprodução de documentos e a transcrição de conferências. Alguns exemplares foram sorteados entre os participantes.
Referência Mundial – A Lei nº 12.612/ 2012 instituiu Paulo Freire como Patrono da Educação Brasileira. Erundina foi a autora do PL nº 5.418/05, que deu origem à lei, a qual foi relatada na Comissão de Educação pelo então deputado Carlos Abicalil (PT-MT).
Paulo Freire é um dos brasileiros mais célebres e um dos filósofos do século XX mais lidos do mundo, segundo o Massachusetts Institute of Technology. Escreveu muitos livros. Dentre eles, A Pedagogia do Oprimido, a terceira obra de ciências sociais e humanas mais citada no mundo, de acordo com a London School of Economics. Freire dedicou a vida à educação dos excluídos e defendeu uma educação libertadora que transforma a sociedade.
O Sistema Paulo Freire, a crítica a uma educação bancária, a defesa de uma educação libertadora, a educação popular e a ação docente como prática de liberdade são legados fundamentais que o povo brasileiro precisa conhecer e reconhecer.