Carlos Fernando (*)
O dia de decidir o voto está chegando. Agora não dá mais para fazer que conta que nada está acontecendo. Eu sou da turma que defende o voto na saúde – em quem defende a saúde e que vai lutar pela saúde, seja no Legislativo ou no Executivo. Por exemplo: quem faz ou defende a terceirização ou privatização dos serviços de saúde não tem meu voto. E nem recomendo que alguém vote nessa pessoa.
Está aí a sequência de escândalos no tal Instituto de Gestão Estratégica da Saúde, o IGESDF, que o atual governo inventou, para mostrar o porquê de eu ser contra. Depois dos milhões em rombos deixados pelo Instituto Candango de Solidariedade, da Fundação Zerbini, da Real Sociedade Espanhola de Benemerência, da Cruz Vermelha, agora o IGES está tirando recursos dos hospitais públicos do DF. E tem gente sofrendo! Especialmente nas periferias.
A necessidade de aplicação de recursos públicos nesses hospitais administrados pela Secretaria de Saúde é gritante. E ficou óbvio na pandemia a urgência de destinação de mais recursos para as localidades onde a população mais depende do SUS.
Se a gente olha o número de mortes por covid-19 em cada Região Administrativa do DF, vê claramente que o governo não fez o dever de casa no cuidado com as pessoas – nem no que diz respeito a dar à população as unidades de saúde com a estrutura necessária, nem em dar às famílias condições para evitar o adoecimento. Ou seja, ao deixar de dar a essas famílias condições dignas de vida, deixou-se que elas ficassem mais expostas e com menos recursos para o caso de necessitarem de cuidados de saúde. O GDF falhou.
E quem mora nas áreas mais ricas e tem plano de saúde, não tem como ficar tranquilo com isso. A pandemia da covid-19 deixou claro que saúde é uma questão coletiva. Tem, é claro, os problemas individuais, mas se não tivermos uma estrutura pública pronta para atender o conjunto da sociedade, teremos problemas sérios. Talvez maiores do que tivemos nos últimos dois anos.
Vamos usar o bom senso: fala-se muito, por exemplo, em construir novos hospitais. O discurso é bonito. Mas, antes disso, é mais lógico, rápido e necessário recuperar a estrutura pública de saúde que já existe, que está desfalcada de profissionais, com prédios precisando de reformas, com falta de equipamentos e de manutenção dos que existem. Faltam de medicamentos e materiais de trabalho. Vamos resolver isso! Aí a gente constrói o que for e até coloca o nome do governador que fizer, se for o caso de satisfazer vaidades.
Mas agora, a necessidade é falar sério e agir sério em relação à saúde. E o primeiro passo é, no dia 2 de outubro, escolher bem os candidatos (ao Executivo e ao Legislativo) que vão olhar e cuidar bem da saúde da população – para quem não vai cuidar ou cuidou mal é melhor nem olhar.
Com saúde, boa alimentação, educação, trabalho e segurança a gente vai longe. Mas se faltar a saúde nessa equação, não vai a lugar nenhum.
(*) Vice-presidente do SindMédico-DF