O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, sancionou hoje (23) o projeto de lei que permite a presença de doulas em maternidades municipais e hospitais privados contratados pelo município.
As doulas são profissionais que oferecem apoio emocional e conforto físico às gestantes. Elas ficam, agora, autorizadas a permanecer com as futuras mamães durante consultas, exames de pré-natal, pré parto, parto e pós-parto imediato, com seus instrumentos de trabalho.
Com a nova lei, a gestante ganha o direito a entrar na sala de parto com a sua doula e também com um acompanhante. A doula, no entanto, não pode fazer procedimentos e dar diagnósticos restritos aos profissionais de saúde, mesmo se ela tiver formação na área.
Implementação
A autora do projeto, vereadora Juliana Cardoso (PT), pediu empenho das doulas e ativistas em prol do parto humanizado para garantir a efetivação da medida. “Vai ter muita briga ainda dentro do hospital, porque a gente sabe que não é o fato da gente ter a lei sancionada que ela vai vigorar tão rápido. Vai depender muito mais de nós de estarmos juntos e organizados, dialogando, principalmente na Secretaria de Saúde”, disse durante a cerimônia em que foi anunciada a sanção da lei.
“Esse projeto foi a porta de entrada. Tem muito ainda o que fazer. Mas só o começo já foi incrível”, disse a doula Gabriela Gavioli. Entre as barreira para o acesso ao parto humanizado, ela destacou o alto custo dos serviços e da capacitação na área.
Para contornar esse problema, Gabriela destacou a formação oferecida por grupos como o Multiplicando Doulas, que não tem valor fixo, mas aceita a colaboração que a participante puder pagar. “Conseguiu pegar gente da periferia, que eram pessoas que eram excluídas pelo valor”, ressaltou sobre os resultados da iniciativa. Segundo ela, um curso de doula, com 40h de duração, custa entre R$ 1 mil e R$ 2,5mil.
A doula e psicóloga Débora Villanova também acredita que a nova lei trará benefícios às gestantes. “Eu já acompanhei parto de gestante em hospital público. Quando chega um determinado momento, ela precisa escolher entre a doula e o marido. Porque a doula não entrava, não tinha esse direito. Então, para mim, agora é incrível a doula poder entrar e não ser o acompanhante”, disse.
As práticas convencionais que, de acordo com Débora, imobilizam a mulher durante o trabalho de parto, dificultam os processos naturais do corpo. “O parto é um processo fisiológico horizontal. Então, quando você coloca a mulher sem se mexer e movimentar, esse parto acaba sendo mais difícil, doloroso e longo”, acrescentou, sobre a importância do acompanhamento de pessoas capacitadas em parto humanizado.
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