É neste contexto que o GDF determinou o retorno das aulas 100% presenciais a partir de segunda-feira (14)
Sinpro-DF
Em plena alta da covid-19, o ano letivo de 2022 na rede púbica do DF se inicia na segunda-feira (14/2), em sistema 100% presencial (remoto apenas para estudantes imunossuprimidos ou com comorbidades comprovadas por laudo médico), e em salas com até 60% a mais de alunos por turma – resultado de 26 mil novas matrículas em meio a um déficit de ao menos 5 mil novos profissionais de educação e instalações precarizadas.
A determinação de turmas com até 60% a mais de alunos ocorre sem qualquer diálogo com o Sinpro-DF, e está na Estratégia de Matrícula para a Rede Pública de Ensino do DF 2022. Nesse documento, o GDF determina a ampliação do número de estudantes por turma em praticamente todos os anos da Educação Básica, permitindo salas com até 42 estudantes. Apenas o Novo Ensino Médio não teve alteração. Mesmo assim, aponta até 38 estudantes por turma.
Desde 2007, Sinpro e GDF definem em conjunto as Estratégias de Matrícula de maneira ponderada. Neste ano, a atual gestão do DF deu seguimento à política de diálogo zero e tomou decisões unilaterais.
A imposição do governo local de superlotar salas de aula vai ao encontro da política de enxugamento do quadro de professores(as) concursados na rede pública de ensino e do descompromisso com os protocolos para conter a pandemia. Quanto mais alunos em sala de aula, menos professores na rede. Isso já é absurdo em um contexto de tranquilidade sanitária. Em plena pandemia, isso toma proporções ainda mais graves: passa a ser uma investida contra a própria vida. Está completamente inviável a realização de distanciamento em sala de aula, um dos principais protocolos para conter a covid-19.
Escolas sem estrutura
Ao mesmo tempo em que o GDF amplia o número de estudantes por turma, retira das escolas profissionais e mecanismos indispensáveis para o processo de aprendizagem. A realidade em várias escolas está longe de ser a ideal para receber os(as) estudantes. Reformas, manutenções pontuais ou mesmo a construção de novas unidades escolares não saíram do papel, enquanto outras estão atrasadas e não serão entregues a tempo.
A diretora do Sinpro, Rosilene Corrêa, aponta a falta de estrutura das escolas: “a alguns dias do início do ano letivo, temos escolas que ainda não foram adequadas para o momento da pandemia que enfrentamos e continuam sem, por exemplo, salas com boa ventilação, sem janelas adequadas. É importante lembrar que várias escolas precisam ser reconstruídas. Mas estamos recebendo mais de 26 mil novas matrículas. Isto significa que precisaríamos, obrigatoriamente, abrir várias escolas”.