Chegamos ao carnaval de 2023, o primeiro pra valer após a pandemia, e nos deparamos com uma fake news difundida pela grande mídia de que Lula quer acabar com a autonomia do Banco Central. Ora, é exatamente o oposto! O que o presidente diz é que o BC deve ter autonomia em relação ao mercado financeiro.
Campos Neto e sua diretoria servil ao mercado financeiro sabotam o governo eleito e o desenvolvimento do Brasil. Como a grande mídia só dá espaço para as explanações de economistas liberais, reproduzo neste artigo o manifesto de economistas em favor do desenvolvimento do País (Taxa de juros para a estabilidade duradoura), assinado por mais de 1.200 economistas:
“A eleição de outubro renovou as esperanças de que o Brasil possa reencontrar os caminhos para a estabilidade política e um lugar respeitável no mundo. O País precisa de paz e de perspectivas. O mundo precisa da estabilidade do Brasil. O presidente Lula tem sabido enfrentar, desde 30 de outubro, alguns dos desafios mais sérios, a começar pela trama da contestação dos resultados das urnas e as arruaças promovidas pelos maus perdedores. E soube construir um orçamento viável para as emergências reconhecidas. O governo de amplo espectro mostra o compromisso com a inclusão e a governabilidade. Mas é preciso mais.
“A superação dos desafios só pode ser alcançada com uma nova política econômica, promotora de crescimento e prosperidade compartilhada. A razoabilidade da taxa de juros é uma condição indispensável para a normalidade econômica. Sem isso, os investimentos perderão para as aplicações financeiras e as remunerações do trabalho e da produção vão perder para a especulação.
“A taxa de juros no Brasil tem sido mantida exageradamente elevada pelo BC e está em níveis inaceitáveis. O discurso em sua defesa não encontra nenhuma justificativa, seja no cenário internacional ou na teoria econômica e o debate precisa ser arejado pela experiência internacional. Nenhum dos países dotados de recursos e economias estruturadas possui uma taxa de juros sequer próxima da que prevalece no Brasil e que o BC pretende manter.
“Todos esses países reconheceram o caráter excepcionalíssimo do surto inflacionário recente, explicado pela pandemia e pelo conflito bélico, não por excesso de demanda. O Brasil só poderá alcançar a estabilidade econômica, política e institucional se juntos formos capazes de aumentar a produção e a produtividade, os empregos e os bons empregos, além dos serviços prestados à população e aos mais carentes.
“O estrangulamento das atividades produtivas e criadoras não é uma solução. As empresas precisam investir para aumentar a produção, a qualidade e sustentabilidade dos seus produtos e o uso econômico da biodiversidade. As obras de infraestrutura precisam ser retomadas para proverem serviços com custos mais reduzidos para as empresas e para as famílias. É no crescimento e no desenvolvimento que o Brasil pode superar as turbulências que nos afligiram.
“A excepcionalidade do momento exige serenidade. Mas isso não significa se conformar com caminhos estéreis. Precisamos recolher da experiência internacional os melhores ensinamentos e aplicá-los à nossa realidade. E na nossa realidade há hoje muito mais oportunidades de investimento e criação de novas riquezas do que na maioria dos países. O Brasil, sem as amarras de uma política monetária inadequada, poderá buscar os verdadeiros equilíbrios que são a razão da política econômica: eliminação da pobreza, redução das desigualdades, preservação da natureza e sustentabilidade.
“O momento é excepcional também pelo contexto político. A história mostra que o desemprego e a depressão econômica são substrato para a emergência do fascismo, do militarismo, da xenofobia e do ataque a minorias, avançando sobre as instituições democráticas. Uma governança econômica capaz de debelar o atual estado de estagnação e crise não só é importante para a melhora das condições de vida da população, mas é também essencial para a retomada de uma trajetória de construção democrática.
“Os economistas signatários deste manifesto declaram publicamente apoio a uma política capaz de reduzir substancialmente a taxa de juros, propiciando as condições para a retomada do desenvolvimento com estabilidade sustentável”.