A Rússia criará nova agência de inteligência sob a égide do Serviço de Segurança Federal (na sigla em russo, FSB), ressuscitando o Ministério da Segurança de Estado, ou MGB, segundo o jornal Kommersant.
A estrutura, que existiu por vários anos durante a URSS (extinta em 1991) no período pós-guerra e tem sido comparado ao famoso serviço secreto soviético KGB, deve começar a funcionar antes das eleições presidenciais de 2018.
De acordo com o jornal, o novo MGB será formado pela combinação do FSB com o Serviço de Inteligência Estrangeira (SVR) e unidades do Serviço de Proteção Federal (FSO), que supervisiona a proteção dos principais líderes do país.
O órgão também deverá se envolver em casos de maior destaque e, entre suas funções planejadas, está ainda a erradicação da corrupção nos órgãos de aplicação da lei.
Segundo o analista político Arkadi Murachov, que foi chefe da polícia de Moscou no início de 1990, o possível restabelecimento do MGB retomaria uma “estrutura familiar” que “sempre existiu na Rússia, exceto durante os últimos 25 anos”. Os rumores de que o governo pretende recriar o ministério não foram, porém, confirmados pelo porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
Centralização de poder – Não há consenso entre os observadores russos sobre os objetivos das autoridades de unir as agências, mas muitos alegam que a liderança do país governador por Vladimir Putin estaria tentando apertar o controle sobre o trabalho dos serviços de segurança e evitar conflitos entre as forças.
Nos últimos tempos, surgiram relatos frequentes sobre discordâncias entre os vários órgãos de segurança, entre eles o Comitê Investigativo, o Gabinete do Procurador-Geral, o Ministério do Interior e o FSB.
“A situação pode ser resolvida reforçando o papel de uma das agências, neste caso, o FSB, e com centralização nas tomadas de decisão, fundindo as diversas estruturas”, explica Ruslan Miltchenko, que comanda o grupo de reflexão Análise e Segurança.
Especialistas também acreditam que o Kremlin teria o desejo de delegar a nova estrutura combinada a um oficial da lei de maior confiança do governo, o que poderia melhorar a capacidade de gestão do sistema de aplicação da lei como um todo.
Liberdades civis – Embora os críticos vejam a proposta como mais um passo na reconstrução da máquina totalitária da União Soviética, os especialistas consultados pela Gazeta Russa descartam a possibilidade de o novo MGB se tornar uma gigantesca estrutura de poder capaz de restringir as liberdades civis na Rússia.
“O atual sistema ‘vertical’ de poder na Rússia é diferente das estruturas de governo anteriores”, explica Viktor Netchiporenko, da Academia Presidencial da Economia Nacional e Administração Pública da Rússia, acrescentando que o Estado está focado, sobretudo, “em manter um controle rigoroso sobre os oficiais de aplicação da lei”.
De volta à URSS – Criado em 1946, o MGB era responsável pelos serviços de inteligência, contrainteligência e proteção do governo. Desde a sua fundação, o órgão entrou em atrito com o Ministério do Interior por ter assumido algumas de suas antigas funções.
Embora tenha sido abolido no dia da morte de Josef Stálin, em 5 de março de 1953, o MGB foi recriado um ano depois sob o nome de Comitê de Segurança do Estado (KGB). Apesar de os serviços secretos soviéticos exercerem missões “peculiares” (a KGB lutava, entre outras coisas, contra atividades antissoviéticas), “a inteligência desse período era uma das melhores do mundo”, destaca Netchiporenko.
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