Tido como importante aliado do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que renunciou à Presidência da Câmara na semana passada, Rogério Rosso (PSD-DF), após diversas negativas enfáticas de que não seria candidato, anunciou ontem que disputará a eleição na Casa para exercer um mandato “tampão” até fevereiro do próximo ano. Ele pretendia ser o nome de consenso tão sonhado pelo Palácio do Planalto para evitar um racha na base de sustentação do governo Michel Temer. A estratégia não prosperou. Não há unidade nem mesmo no chamado Centrão (PSD, PP, PR, PTB e outras pequenas siglas), que deve apresentar mais 9 nomes para a disputa.
Em entrevista ao programa CB.Poder, o parlamentar negou ser o candidato do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Questionado sobre como votaria no processo de cassação do peemedebista, Rosso se esquivou. “É preciso aguardar o relatório”, justificou, em referência ao andamento do caso na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ). Sobre a renúncia de Eduardo Cunha, com direito a choro durante o discurso, o deputado comentou: “acho que ele chorou pela família”.
Em outra entrevista, o parlamentar afirmou que tinha uma relação respeitosa com o peemedebista. “O deputado Eduardo Cunha não vota. Não fiz parte da aliança que levou Cunha à presidência. Conheci Cunha nesta legislatura. Como líder, tinha como atribuição ter relação no mínimo respeitosa com o presidente da instituição. Não se pode confundir isso com nenhum tipo de apoiamento histórico”, disse.
Rosso deve ter como principal rival o deputado Rodrigo Maia (DEM-DF), que, nos bastidores, pode contar até com o apoio de partidos de esquerda, como o PT. “Não é fácil entender uma aliança entre o PT e o DEM”, disse Rosso.
O líder do PSD na Casa acredita que as eleições serão uma disputa difícil, com a participação de pelo menos 15 concorrentes. Como o PMDB deve lançar candidato e haverá outros nomes do chamado Centrão, Rosso sabe que não terá o apoio oficial do presidente Michel Temer. Ainda assim, o parlamentar promete fidelidade ao Executivo. “Serei um aliado do presidente Michel Temer”, assegura.
Ele destacou, no entanto, que a quantidade de candidatos da base não significa um racha. “Isso não mostra um racha. O racha depende muito da atitude de cada candidato”, ponderou. Rosso defendeu que a Casa precisa retomar o ritmo de trabalho e tocar pautas propostas por Temer. “A governabilidade precisa ser garantida. O governo Temer tem colocado sementes importantes que precisam ser trabalhadas”, disse.
O deputado tem experiência como interino, já que foi eleito governador tampão do Distrito Federal em 2010, depois da Operação Caixa de Pandora. Ele garante que seguirá a mesma linha, adotada à época, de continuidade. O representante do PSD garantiu inicialmente que só seria candidato se houvesse consenso. Mesmo com o racha na base aliada, ele optou por participar da disputa. Segundo Rosso, ele aguardou a chegada da mulher, Karina, que havia viajado com os filhos do casal, para tomar a decisão e fazer o anúncio.