Foto: Júlio Pontes/Brasília Capital
Escaldado pela crise que o equiparou aos partidos da velha política, o Partido dos Trabalhadores voltará a ser “radicalmente democrático”. O primeiro passo nesse retorno às suas origens será dado segunda-feira (16) com o lançamento da plataforma “O DF e o Brasil que o Povo Quer”. O evento está marcado para as 19h, no Teatro dos Bancários, na 513 Sul.
A presidente regional do PT, deputada Érika Kokay, explica que não se trata da apresentação de um plano de governo para as eleições de 2018. “Estamos disponibilizando uma plataforma digital totalmente livre à participação popular para discussão e aperfeiçoamento de oito eixos centrais de interesse dos brasileiros em geral e dos brasilienses, em particular”.
A plataforma “O DF e o Brasil que o Povo Quer” é o início da formulação de um programa em nível local e nacional, com foco no diálogo com os cidadãos depois do que o partido considera um golpe arquitetado pela direita que resultou no impeachment de Dilma Rousseff. Inclusive com a retirada, depois, de vários direitos dos trabalhadores, no entendimento dos petistas.
Esta é a fórmula para a legenda se reencontrar com as três vertentes históricas – os movimentos eclesiais de base da Igreja Católica, o movimento sindical e a luta contra a ditadura militar (agora focada na manutenção das conquistas democráticas dos 13 anos em que governou o País) – que tornaram o PT, desde a fundação, em 1980, na maior agremiação política do Brasil.
“Diferentemente de outros partidos, que se resumem a uma discussão de nomes para disputar os espaços de poder, o PT quer dialogar com a população sobre um projeto democrático e popular para o Brasil e para o DF. Nosso objetivo é formular um programa que esteja conectado com o cenário pós-golpe, marcado pela retirada de direitos e retrocessos nas políticas públicas”, explica Erika Kokay.
De forma pioneira, a Fundação Perseu Abramo, do Partido dos Trabalhadores, lançou um processo de escuta da população por meio de uma plataforma digital na qual as pessoas podem participar dos debates, enviando opiniões acerca de diversos temas, como qualidade de vida, desigualdade e inclusão social, participação social, liberdade e direitos. O projeto também propõe debates descentralizados territorialmente de forma a possibilitar a participação direta e presencial da população.
A finalidade dessa forma de atuação política é apresentar programas tanto para Brasília quanto para o Brasil em perfeita sintonia com o que desejam os brasilienses e os brasileiros. A coordenadora do projeto no DF, ex-vice-governadora Arlete Sampaio, afirma: “vamos construir coletivamente um projeto para governar”. Ela diz que o partido tem condições de lançar candidato próprio ao GDF ou com partidos que considerar importantes para uma coligação.
A coligação do PT, segundo Érika Kokay pode conter o PDT, que acaba de deixar o governo de Rodrigo Rollemberg (PSB). Mas ela refuta qualquer aliança com o PPS, onde estão os distritais Celina Leão e Raimundo Ribeiro. Concorda em conversar com a Rede, hoje abrigo dos ex-petistas Cláudio Abrantes e Chico Leite.
Alerte Sampaio cita também Psol e PCdoB como ponto inicial. “A partir daí podemos ampliar”. Sobre a possível candidatura do atual presidente da Câmara Legislativa, Joe Valle (PDT), ela responde que o PT está aberto a todas as possibilidades, “mas não descartamos candidato próprio”.
Érika admite que ela própria poderia ser a candidata, o que também não descartada por Arlete. Mas ambas dizem que existem outros companheiros cujos nomes podem ser colocados para a disputa. Citam o ex-deputado Geraldo Magela. Em nível nacional, nenhuma das duas titubeia ao afirmar que “Lula é nome que a população deseja” e que “existe um complô para tirá-lo do páreo”.