A promessa do governador Ibaneis Rocha (MDB) ao privatizar a Companhia Energética de Brasília (CEB) era melhorar o serviço de distribuição de energia e o preço cobrado na tarifa.
Na prática, porém, após nove meses da concessão, as reclamações dos cidadãos se multiplicaram e a qualidade do serviço, agora prestado pela Neoenergia, piorou.
Dados do Procon apontam que de janeiro a setembro foram registradas 660 reclamações contra a Neoenergia. Aumento de 52% em comparação ao mesmo período de 2020, quando a CEB recebeu 312 reclamações.
Na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) também houve um aumento exponencial no número de reclamações. De março a julho deste ano, foram registradas 1.378 queixas.
Isto representa um aumento de 58% em relação ao mesmo período do ano passado, quando o registro foi de 872 e a prestação do serviço estava sob gestão da CEB Distribuição.
No topo das reclamações contra a empresa, está a falta de energia. Somente em agosto, foram oito cortes de energia programados pela concessionária que assumiu o comando da CEB em 4 de dezembro de 2020.
Também são várias reclamações sobre a demora na manutenção dos equipamentos que apresentam falhas.
Vale ressaltar que os desligamentos programados têm como motivo a manutenção da rede ou poda de árvores, por exemplo, quando a energia é desligada para garantir a segurança dos profissionais.
Falta de energia
No entanto, além desses cortes são registradas inúmeras falhas de distribuição diariamente em todo o DF.
Na noite de quarta-feira (22) e na manhã de quinta (23), o atendimento no Hospital de Sobradinho foi suspenso por falta de energia.
A unidade passou a operar em bandeira negra e o atendimento no bloco materno infantil foi paralisado. Segundo a empresa, no entanto, o problema no Hospital de Sobradinho foi com o cliente. “A Neoenergia, preocupada com o impacto que traria para a sociedade, empregou suas equipes para ajudar os profissionais da saúde na identificação e reparo dos problemas nas instalações internas do cliente”.
Em nota, a Neoenergia Brasília informou que reforçou os canais de atendimento à população, com implementação do atendimento via WhatsApp. Essas inovações geraram uma redução de 80% no volume de chamados abandonados, reduzindo em cinco vezes do volume de chamadas ocupadas na central de teleatendimento.
Ainda segundo a empresa, o índice da Aneel que mede as reclamações indicou uma redução de 16% nas reclamações contra a Neoenergia em 2021, na comparação com 2020.
Mau negócio
O Sindicato dos Urbanitários (Stiu-DF) argumenta, em nota, que financeiramente a privatização não foi um bom negócio:
“A dívida da CEB, no período da privatização, girava em torno de R$ 806 milhões. Além de estar sendo amortizada sem atrasos e com média de juros compatível ao remunerado pela tarifa, tinha perfil majoritariamente de médio e longo prazo e era plenamente equacionável, considerando os R$ 600 milhões de recebíveis e quase R$ 400 milhões em ativos para alienação”.
Evasão de mão de obra
Com a privatização, mais de 230 servidores saíram da CEB. Até o final do ano, mais dois Planos de Demissão Voluntária (PDV) serão disponibilizados aos funcionários da antiga estatal.
Segundo o presidente do Stiu, João Carlos Dias, a tendência é de que haja uma evasão ainda maior de mão de obra qualificada até março de 2022 – quando, pela norma, acaba a estabilidade dos servidores da CEB.
“Houve um sucateamento da CEB para justificar sua privatização. Mesmo caindo mais de 50% na gestão Ibaneis, os investimentos da empresa acumularam nos últimos cinco anos um montante superior a R$ 360 milhões. Seguindo esta tendência de investimento, a CEB prestaria um serviço cada vez melhor para os brasilienses”, afirma Dias.
Altos lucros
A Neoenergia adquiriu os direitos de distribuição por R$ 2,515 bilhões. No primeiro semestre deste ano, no entanto, a empresa triplicou seus lucros, alcançando a marca de R$ 59 milhões.
Esses dividendos irão para os investidores privados e parte significativa deles para a Espanha, país-sede da controladora Iberdrola.
Segundo a concessionária, foram investidos mais de R$ 70 milhões em todo o DF. A empresa afirma que aposta em manutenção preventiva e que promoveu uma vistoria em 11 mil quilômetros de redes e automação/inteligência da rede.
Veja a íntegra da nota do Stiu-DF
O STIU-DF informa que a empresa reverteu o resultado negativo de 2018 lucrando R$ 41 milhões em 2019, cumprindo todos os parâmetros econômico-financeiros exigidos pelo contrato de concessão a época;
As despesas com pessoal, material, serviços e outros (PMSO), em declínio desde 2018, ficaram abaixo do regulatório já no primeiro trimestre de 2020;
A dívida da CEB, no período da privatização girava em torno de R$ 806 milhões, além de estar sendo amortizada sem atrasos e com média de juros compatível ao remunerado pela tarifa, tinha perfil majoritariamente de médio e longo prazo e era plenamente equacionável, considerando os R$ 600 milhões de recebíveis e quase R$ 400 milhões em ativos para alienação;
Mesmo caindo mais de 50% na gestão que privatizou a CEB Distribuição, os investimentos da empresa acumularam nos últimos 5 (cinco) anos um montante superior a R$ 360 milhões.
Mais informações podem ser encontradas no relatório de administração da CEB: http://ceb.com.br/index.php/component/phocadownload/category/1-grupo-ceb?download=2301:relatorio-da-administracao-2020-ceb-distribuicao-s-a
Veja a íntegra da nota da NeoEnergia
A Neoenergia Brasília esclarece que o órgão regulador (ANEEL) mede a frequência de reclamações procedentes nas concessionárias de energia do país através do indicador denominado de FER (frequência de reclamações). Informamos que, em 2021, registramos uma redução de 16% nesse indicador, se comparado a 2020.
Em 2021 reforçamos nossos canais de atendimento existentes, ampliando em 65% a disponibilidade do nosso teleatendimento. Essa ação foi responsável pela redução de 80% do volume de chamados abandonados e reduzindo 5 vezes do volume de chamadas ocupadas na central de teleatendimento. Também foram implementados novos canais de atendimento 24h, como o atendimento nas redes sociais e via WhatsApp.
Ainda, a concessionária investiu mais de R$ 70 milhões em todo o Distrito Federal. A empresa aposta em manutenção preventiva, como a vistoria de 11 mil quilômetros de redes e automação/inteligência da rede. Como preparação para as chuvas, desde a sexta-feira, modernizamos o nosso Centro de Operações Integradas, responsável pelo monitoramento e despacho de equipes para atendimento e aumentamos em mais de 100% das equipes de plantão para o atendimento dos casos de falta de energia em todo o Distrito Federal.
A Neoenergia Brasília se coloca à disposição.
Leia mais no Brasília Capital