Primeiro a florir todos os anos, o ipê roxo já enfeita a capital federal e chama a atenção tanto de moradores quanto de visitantes. A árvore floresce no período de seca porque o vento mais forte e a ausência de chuvas ajudam na dispersão das sementes, explica a engenheira agrônoma Carmem Regina Correia, professora da Universidade de Brasília (UnB). Na sequência do ipê roxo está prevista a floração dos tipos amarelo, rosa e, por último o branco, na altura de setembro.
A engenheira agrônoma destaca que as floradas dos diferentes ipês não seguem um calendário rígido. “Atualmente, a maior quantidade de indivíduos é roxo, mas não quer dizer que não possa haver plantas de outra cor [já floridas]. Eu já vi rosa, por exemplo, que é o terceiro na sequência”, disse. Segundo Carmem Regina, a florada dos ipês roxos dura de 15 a 20 dias.
“Ainda devemos ter uma semana, 10 dias de floração intensa [do roxo] e aí já começa a diminuir e vêm os amarelos”, informa. Ela ressalta também que, apesar de tradicional na paisagem de Brasília, o ipê não é exclusivo do Cerrado. “Existe em todos os biomas brasileiros. No Cerrado, temos algumas espécies nativas. No DF, há tanto plantas nativas quanto plantadas”, diz.
Para quem aproveitou o primeiro domingo de julho para passear pela capital federal, a florada das árvores foi um espetáculo a mais. Foi o caso da costureira Maria Francisca da Silva, 56 anos, e do filho dela, Lucas Francisco da Silva, 18. Os dois moram em Ceilândia, a 30 quilômetros de Brasília, e visitavam juntos a Catedral Metropolitana e o Museu Nacional, pontos turísticos da cidade.
“A gente veio ver os ipês, também. Eu tenho uma muda em casa. Mas ainda é pequena, por isso não sei a cor. As flores que eu mais gosto são as rosas e brancas”, comentou Francisca, que considera as árvores marca registrada do Distrito Federal.
Para os peruanos Falger Olsson e Abigail Camacho, ambos com 25 anos, e a filha deles, Valéria, 5 anos, os ipês são novidade. O cozinheiro e a estudante de administração estão morando na capital há cerca de um mês. “Vimos muitas dessas árvores. São bonitas. Como se chamam?” perguntou Falger, informado pela reportagem sobre o nome e os tipos de ipê existentes.
Fotos
No que depender do auditor fiscal Antonio Braga Sobrinho, 54 anos, o ipê ficará conhecido pelo máximo possível de pessoas. Todos os anos ele acompanha as floradas da árvore e posta fotos em redes sociais. Hoje, ao voltar do almoço de domingo, o funcionário público não resistiu e parou na Esplanada dos Ministérios para fotografar os ipês roxos com o celular.
“É uma coisa que me encanta. Acompanho desde a primeira florada, dos roxos. Não tenho preferência de cor nenhuma, não consigo escolher. É um contraste muito grande, as árvores floridas com a seca. Ontem, postei a foto de um ipê no fundo do meu quintal e tive 132 curtidas”, comenta.
Segundo a engenheira agrônoma Carmem Regina, um cuidado para árvores em ambiente urbano, caso dos ipês em Brasília, é garantir que elas tenham espaço livre para absorver água e espalhar suas sementes. “Não se deve pavimentar tudo em volta, que é o que mais se faz em área urbana”, diz.
Um dos responsáveis pela disseminação dos ipês e outras plantas ornamentais pela capital federal foi o engenheiro agrônomo Francisco Ozanan Coelho, que morreu em maio deste ano, aos 72 anos. Ele chefiou o departamento de parques e jardins da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) e ficou conhecido como “jardineiro de Brasília” pelo trabalho realizado na área.