O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, atacou nesta sexta-feira o congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, assassinado em um quiosque no Rio de Janeiro, para negar que houve racismo. Em publicação nas redes sociais, Camargo afirmou que o refugiado “andava e negociava com pessoas que não prestam” e que “foi um vagabundo morto por vagabundos mais fortes”.
“Moise andava e negociava com pessoas que não prestam. Em tese, foi um vagabundo morto por vagabundos mais fortes. A cor da pele nada teve a ver com o brutal assassinato. Foram determinantes o modo de vida indigno e o contexto de selvageria no qual vivia e transitava”, escreveu o presidente da Palmares. As informações são do jornal O Globo.
Horas antes, Camargo havia publicado que “não existe a menor possibilidade” de a Fundação Palmares prestar homenagens ao congolês. Segundo ele, Moïse foi vítima de um crime brutal mas “não fez nada relevante no campo da cultura”.
“Moise foi morto por selvagens pretos e pardos — crime brutal. Mas isso não faz dele um mártir da “luta antirracista” nem um herói dos negros. O crime nada teve a ver com ódio racial. Moise merece entrar nas estatísticas de violência urbana, jamais na história”, disse Camargo ao se referir a uma declaração do poeta e escritor franco-congolês Alain Mabanckou, que participa da 11ª edição da Festa Literária das Periferias (Flup) no Rio.
A família de Moïse alega que ele foi morto após cobrar uma dívida de R$ 200 referentes a diárias de trabalho no quiosque Tropicália, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste da capital fluminense. Três suspeitos que aparecem no vídeo que mostra o congolês sendo espancado já foram presos. Eles negaram que o assassinato tivesse motivação racista e disseram que as agressões começaram após Moïse abrir uma geladeira do estabelecimento para pegar cervejas.