A Prefeitura de Alexânia (GO), no Entorno de Brasília, está distribuindo kits anticovid-19 nos centros de saúde do município. O combinado de medicamentos inclui Ivermectina, Prednisona, Azitomicina e Paracetamol.
Segundo especialistas, não há eficácia comprovada de nenhum dos remédios no combate efetivo ao novo coronavírus. Eles são prescritos apenas para amenizar os sintomas da covid-19, podendo camuflar a evolução do vírus e complicar o quadro de pacientes sensíveis, ou alérgicos, aos medicamentos.
A distribuição dos medicamentos em um kit vai contra determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), já que incentiva a automedicação, podendo trazer riscos à saúde das pessoas.
Por se tratar de uma nova enfermidade, o protocolo de tratamento da covid-19 se adequa a cada paciente e depende dos sintomas apresentados. Usar, indiscriminadamente, os quatro medicamentos do kit pode ser uma superdosagem e ainda camuflar a evolução do coronavírus.
Ivermectina – Assim como ocorreu com a hidroxicloroquina, inflada pela divulgação do Presidente da República, a Ivermectina é atual aposta da automedicação para combater o coronavírus. O remédio, no entanto, não possui eficácia comprovada e, de acordo com a Anvisa, não há estudos conclusivos comprovando sua eficácia no tratamento de covid-19.
De acordo com a presidente do Conselho Regional de Farmácia do DF (CRF/DF), Gilcilene Chaer, é um risco à saúde usar o medicamento sem uma prescrição médica, mesmo a droga sendo conhecida e amplamente utilizada para fins de combate a organismos estranhos. A incerteza quanto à quantidade de comprimidos que devem ser tomados pode ameaçar a segurança de usuários.
Alexânia tem cerca de 20 mil habitantes e já testou 106 casos positivos para covid-19. Segundo boletim divulgado, na quarta-feira (8), foram contabilizadas quatro mortes causadas pelo novo coronavírus no município. O prefeito, Alysson Silva (Cidadania) foi um dos infectados e tem defendido medidas de combate à covid-19, como uso de máscaras, álcool em gel e isolamento social. Em maio, numa visita de Bolsonaro à cidade, os dois se abraçaram sem usar o equipamento de proteção.