A Polícia Federal prendeu nesta quinta-feira (23/6) o ex-ministro Paulo Bernardo, que trabalhou nos governo de Dilma e Lula e é marido da senadora e ex-ministra Gleisi Hoffman. Ele foi detido na Operação Custo Brasil, derivada da 18ª fase da Operação Lava-Jato, que apurava irregularidade de contratos de informática no Ministério do Planejamento. O Correio apurou que Bernardo foi preso em Brasília. A polícia suspeita que cerca de R$ 100 milhões em propinas foram pagos, a partir de contratos de prestação de serviços de informática, entre 2010 e 2015, para pessoas ligadas a funcionários e agentes públicos do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG). Também houve busca e apreensão na residência do ministro.
A PF cumprem 11 mandados de prisão preventiva, 40 mandados de busca e apreensão e 14 mandados de condução coercitiva nos estados de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Distrito Federal. Todas as ordens foram expedidas pela pela 6ª Vara Criminal Federal em São Paulo.
“Há indícios de que o MPOG direcionou a contratação de uma empresa de prestação de serviços de tecnologia e informática para a gestão do crédito consignado na folha de pagamento de funcionários públicos federais com bancos privados, interessados na concessão de crédito consignado”, narra a PF. Em agosto do ano passado, a empresa identificada foi a Consist Software. “Segundo apurou-se, 70% dos valores recebidos por essa empresa eram repassados a pessoas ligadas a funcionários públicos ou agentes públicos com influência no MPOG por meio de outros contratos – fictícios ou simulados.”
Todos os presos serão levados para a Superintendência da PF em São Paulo. Se forem provadas as suspeitas, os investigados serão processados por tráfico de influência, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Se condenados, as punições variam de 2 a 12 anos de prisão.
Pixuleco 2
Em 13 de agosto do ano passado, a Lava-Jato deflagrou a fase “Pixuleco 2”. Negócios no Ministério do Planejamento envolviam propinas de R$ 50 milhões, segundo as primeiras investigações. O ex-vereador de Americana (SP) Alexandre Corrêa de Oliveira Romano (PT) foi detido à época e fez acordo de delação premiada com os investigadores posteriormente. Ele era um dos operadores do esquema no ministério que era comandado por Paulo Bernardo.
Os subornos teriam sido obtidos a partir de contrato de crédito consignado com o Ministério de Planejamento. As propinas foram confirmadas pela investigação por meio de valores recebidos através de empresas de fachada e uma empresa de informática chamada Consist. O dono da empresa, Plablo Kupersmit, havia sido preso em agosto.
A Lava-Jato já se desdobrou em uma série de investigações pelo Brasil como “O Recebedor”, sobre desvios na ferrovia Norte-Sul em Goiás, “Radiotividade”, sobre desvios na usina Angra 3, no Rio de Janeiro. O caso ainda subsidia apurações em Belo Monte, no Pará, e em Recife, em que a Operação Turbulência foi abastecida com informações sobre desvios na refinaria Abreu e Lima ligados ao financiamento de campanhas do ex-governador falecido Eduardo Campos (PSB).