Por Gabriel Dias
Uma barra fixa, movimentos sensuais e pouquíssima roupa. Engana-se quem pensa que essa é a única imagem que pode ser feita do pole dance. A prática também é considerada um esporte e requer força, foco e autoconfiança. Todos podem fazer, sem restrições de gênero ou idade, já que a atividade traz melhorias tanto na parte física quanto na psicológica. É com essa filosofia que praticantes lutam para divulgar mais sobre esse esporte cujos atletas pretendem torná-lo modalidade olímpica.
Três tipos de vertentes caracterizam a atividade: além do modo fitness, existe também a versão sensual do pole dance. O outro estilo comum é o artístico, executado geralmente em circos. A professora Júlia Macêdo, de 33 anos, garante que o pole dance pode ser considerado um esporte. De acordo com ela, existem regras e é comparado com a ginástica artística, pois também precisa de força, acrobacia e aparelho. “É como se fosse a trave da ginástica olímpica, que você faz acrobacia, movimentos de força e flexibilidade aliados a elementos coreográficos”, esclarece.
Treinamento completo
A também professora Andressa Felisberto, 26 anos, associa o pole dance com ginástica, e diz que nos campeonatos precisa-se de um treinamento completo para competir. “Tem que apresentar uma coreografia. Além dos movimentos de força, é preciso ter leveza”, afirma. As aulas são ministradas por elas em locais diferentes no Distrito Federal. Júlia ensina pole dance em uma academia no Lago Sul para mais de 20 alunas, e Andressa tem um estúdio em Águas Claras, onde diz ter 100 alunas.
O esporte ganhou em 2009 a Federação Brasileira de Pole Dance, que desde então passou a organizar campeonatos nacionais. Mais de 200 escolas, segundo a entidade, estão cadastradas no Brasil. A primeira competição País aconteceu em 2013 no Arnold Classic, evento mundial de fisiculturismo promovido pelo ator norte-americano Arnold Schwarzenegger. Em Brasília, o pole dance ganhou espaço no Capital Fitness, maior evento nacional do segmento — a última edição aconteceu em setembro de 2016 e reuniu mais de 100 mil pessoas, de acordo com a organização.
Preconceito
Mesmo com o crescimento do esporte, o preconceito é presente na vida de quem aderiu à modalidade, principalmente crianças e homens. “No início, eu tinha um pouco de receio em falar que eu fazia pole dance, justamente por causa da reação das pessoas e até cometerem algum tipo de ‘zoação’”, relata o recepcionista Jefferson Silva, 25 anos. Ele conta que superou o medo e encontrou apoio nas pessoas próximas que também praticam a atividade.
“Além de um esporte, eu também considero uma melhora de condicionamento físico, uma diversão e ganho de autoestima, porque eu aprendo a confiar mais em mim”, confidencia Jefferson Silva. A professora Júlia Macêdo corrobora afirmando que o preconceito ainda é um obstáculo a ser superado. “No Brasil, o pole é muito novo, então ainda tem um pouco de preconceito sim. As pessoas que não conhecem associam à dança de boate”, analisa.
Benefícios
Boa postura, perda de peso, musculaturas mais rígidas e outras melhorias corporais são atribuídas ao pole dance. A professora Júlia Macêdo diz que o pole dance colabora com a parte estética do corpo. Segundo ela, em uma aula, a perda de calorias é enorme e pode ser uma opção para quem não gosta muito de musculação. “Ele faz muito bem para costas, abdômen e braços. Perna também, porém, mais membros superiores”, conta. De acordo com a professora, o pole dance pode funcionar até como terapia. “O pole dance fez um bem pra mim de saúde, estética, autoestima e de amizade”, afirma ela.
Mobilização
Nos dias 8 e 9 de outubro de 2016, academias de vários estados realizaram o “Street Pole”, uma mobilização em locais públicos justamente para demonstrar que o pole dance é muito mais do que uma simples dança sensual. “É para o pessoal ver que não é só sensualidade e existe toda uma preparação para gente, todo um conhecimento dos movimentos e que qualquer pessoa pode aprender”, destaca a professora Andressa Felisberto. A Federação Brasileira de Pole Dance declarou em nota que a mobilização nacional contou com mais de mil praticantes durantes os dias do evento “Street Pole”.
Curiosidade
Em Brasília, a ação contou com a participação de 60 pessoas no parque de Águas Claras. Muitas delas foram por curiosidade e para conhecer mais sobre o esporte. É o caso da professora de ensino infantil Jaqueline Queiros, 24 anos, que vê o esporte como “ajuda na saúde e na autoestima da mulher”. Outra entusiasta da modalidade, a estudante de fisioterapia Camila Azevedo, 21 anos, conta que não pratica o pole dance por falta de tempo, mas que depois da mobilização “a vontade cresceu ainda mais”.
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