A disputa interna mais externa que existe. Esta poderia ser uma definição da batalha de alguns parlamentares para ocuparem a presidência da Câmara dos Deputados. Os postulantes viajam o País inteiro em busca de votos dos 512 colegas. Já era assim. Neste ano, a eleição adquiriu mais importância porque o presidente Michel Temer não tem vice. O presidente da Câmara, terceiro na hierarquia, ocupará o Palácio do Planalto nas ausências do titular.
Ser presidente da República por um dia, alguns dias ou até mesmo algumas horas é muito mais prazeroso para um político do que se imagina. Volta e meia, um presidente viaja, e o vice também, para que o presidente da Câmara dos Deputados tenha no seu currículo um pequeno tempo como o comandante da Nação. A situação atual deu, então, um sabor extra para um cargo que, por si só, já tem enorme importância — o terceiro mais importante do País.
Interrogações – Os postulantes vão aos estados para pedir votos. Nenhum admite qualquer tipo de negociação que fira o decoro parlamentar. Mas são campanhas caras. Igualmente, nenhum deles teria transparência a ponto de informar quanto gastou para ser eleito. Isso geraria questionamentos. Como, por exemplo, quem custeia e a troco de quê.
O atual presidente, Rodrigo Maia (DEM), que assumiu em meados do ano passado, deseja continuar, claro. É pré-candidato não declarado e faz parte do grupo Temer. Rogério Rosso (PSD-DF) está no páreo, junto com Jovair Arantes (PTB-GO) e André Figueiredo (PDT-CE). Em período de recesso no Congresso Nacional, todos eles estão “na estrada” em busca de votos. A eleição, secreta, acontece no início da sessão legislativa, no próximo mês.
Socorro nas leis e no Espírito Santo
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) tem sua candidatura questionada por vários partidos no Supremo Tribunal Federal (STF). Seus aliados querem fazer valer entendimento de que ele pode ser reeleito porque teve mandato tampão, não ficando os dois anos previstos para o cargo. Maia tem evitado assumir pré-candidatura abertamente, mas tem o aval do Planalto.
Rogério Rosso (PSD-DF) pôs a bicicleta no asfalto e foi a Trindade, região metropolitana de Goiânia, pedir a proteção do Divino Pai Eterno. Ele propôs debate na TV Câmara entre os candidatos sob o argumento de que, quem vencer, comandará o País nas ausências de Michel Temer. Então, pelo seu raciocínio, a disputa interessa a todos os cidadãos. Rosso foi derrotado por Maia em julho do ano passado.
\”Vaquinha\” – Jovair Arantes (PTB-GO) está organizando “vaquinha” entre colegas para bancar gastos de campanha. O único que ainda afirma não está já viajando é André Figueiredo (PDT-CE). Ele foi ao STF tentar impedir a candidatura de Rodrigo Maia. A disputa é de total interesse do governo. Oficialmente, o presidente Temer não se intromete. Mas, na realidade, a situação é bem diferente.
O governo acompanha e joga toda sua influência para eleger um deputado aliado. Ter um adversário no posto é sinal de muita dor de cabeça para o Executivo. Temer sabe muito bem como funciona — ocupou o cargo duas vezes. O quadro atual da disputa pode mudar. São muito comuns os acordos de última hora que resultam na retirada de candidaturas.
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