Agentes da Polícia Federal cumpriam, na manhã desta quarta-feira (6), 9 mandados de prisão no Rio de Janeiro e um em Porto Alegre relacionados à Operação Lava Jato. A investigação apura irregularidades na Eletronuclear. Até as 7h43, duas pessoas tinham sido detidas.
A operação desta quarta, batizada de Pripyat, cumpre mandados expedidos pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio. Nove mandados são cumpridos no Rio e um em Porto Alegre. O alvo principal é o ex-diretor-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva, que já cumpre prisão domiciliar. Ele deve ser levado para a sede da PF, na Zona Portuária do Rio, e, em seguida, para o Complexo Penitenciário de Bangu, onde estão os presos da Operação Saqueador, entre eles o dono da Delta, Fernando Cavendish, e o contraventor Carlinhos Cachoeira.
Participam da operação, no Rio e em Porto Alegre, 137 policiais. O nome da ação é uma referência a uma cidade perto da usina de Chernobyl, na Ucrânia, que fazia parte da então União Soviética. Moradores tiveram que deixar o local às pressas após o desastre nuclear na usina, transformando-a numa cidade fantasma.
Além dos mandados de prisão, serão cumpridos também de busca e apreensão e condução coercitiva — quando alguém suspeito de ser ligado ao caso é levado para prestar depoimento e depois liberado.
De acordo com a PF, as investigações apontam que um clube de empreiteiras atuava para desviar recursos da Eletronuclear, principalmente os destinados às obras da Usina Nuclear de Angra 3. A Operação Pripyat apura crimes de corrupção, peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
No Rio, agentes estiveram na sede da Eletronuclear, no Centro do Rio, e na casa de alvos da operação na Barra da Tijuca e em outras regiões da cidade. Segundo o sindicato de funcionários da estatal, no prédio da empresa, os agentes estiveram na sala da presidência e na sala do cofre.
Desmembramento da Lava Jato
A ação penal sobre o esquema de corrupção na Eletronuclear foi desmembrada da apuração de irregularidades na Petrobras no dia 29 de outubro, e encaminhada para a Justiça Federal do Rio. Com o desmembramento, deixou de ser julgada na Justiça Federal do Paraná, onde tiveram início as investigações da Lava Jato.
Othon está afastado da Eletrobras desde abril do ano passado por conta das investigações. Em 28 de julho, foi preso na 16ª fase da Lava Jato, acusado de receber R$ 4,5 milhões de propina das obras da Usina Nuclear de Angra 3. Inicialmente, o ex-diretor ficou detido em um quartel do Exército em Curitiba. Em novembro, foi transferido para o 1º Distrito Naval, no Rio de Janeiro, e atualmente está em prisão domiciliar.
Em junho deste ano, o MPF pediu a condenação de Othon por crimes como corrupção passiva, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e obstrução da Justiça. Na ocasião, o advogado do ex-diretor da Petrobras afirmou que ele só se pronunciaria nos autos.
Em abril, em depoimento na 7ª Vara Criminal Federal do Rio de Janeiro, o ex-presidente admitiu que usou contratos de fachada feitos com empresas de amigos para receber dinheiro da construtora Andrade Gutierrez, mas negou que fosse propina.