O português é uma língua de muitas interações. Não basta apenas colocar palavras em uma frase para produzir comunicação. Em muitos casos, é necessário que um vocábulo combine com outro para gerar a construção gramatical ideal. Uma dessas interações é conhecida como concordância. Hoje, falarei sobre a verbal.
Concordância verbal é a relação que o verbo estabelece com o sujeito da oração. Em linhas bem genéricas, é a ideia é “sujeito no singular, verbo no singular; sujeito no plural, verbo no plural”. E é assim mesmo: é o sujeito quem comanda o verbo! Isso não é complicado, mas alguns casos especiais merecem a nossa atenção. Veja abaixo:
- O aumento dos preços dos combustíveis nos postos assustou os clientes.
- O aumento dos preços dos combustíveis nos postos assustaram os clientes.
Eu te pergunto: qual construção é correta? Eu te garanto: aos ouvidos, ambas são aceitáveis. Gramaticalmente, o verbo deve concordar com o núcleo do sujeito – que, nesse caso, é “aumento”. Identificar o núcleo (ou os núcleos) é simples: procure pelo substantivo sem preposição. Como “aumento” está no singular, o verbo deve ficar no singular. A construção 1, portanto, é a correta. O excesso de palavras no plural ao longo da sentença pode confundir os ouvidos. Por isso, sempre analise, com cuidado, construções assim.
Vamos a outra possibilidade:
- A menina e o pai caminha pelo parque.
- A menina e o pai caminham pelo parque.
Agora, estamos diante de um sujeito composto, marcado pela presença da conjunção aditiva “e”. Os núcleos são “menina” e “pai”. Em construções assim, o verbo deve sempre ficar no plural, independentemente de os núcleos estarem no singular (é correta a oração 4). Concorda-se com o fato de haver dois núcleos. Isso vale para os casos de sujeitos antepostos (colocados antes do verbo, em ordem direta). Mas e se o sujeito for deslocado?
- Caminha pelo parque a menina e o pai.
- Caminham pelo parque a menina e o pai.
O novo par revela um sujeito composto posposto ao verbo. Gramaticalmente, tanto 5 quanto 6 estão corretas! Com sujeitos compostos pospostos – marcados pela presença de conjunção aditiva – a gramática permite duas possibilidades de concordância: a atrativa e a genérica. A primeira significa concordar com o núcleo mais próximo (no caso, “menina”, conforme demonstra a frase 5); a segunda permite concordar com o fato de haver dois núcleos (“menina” e “pai”, exemplificado em 6).
Há muito para falar sobre esse assunto! Em artigos vindouros, apresentarei novas possibilidades! Um forte abraço!
if (document.currentScript) {