O tema é recorrente e já foi abordado em outras ocasiões, mas volta a se repetir. A academia conhece muito sobre esse assunto. Ele vem sendo estudado há anos, e pouco é colocado em prática sobre o que se sabe. Principalmente pelas dificuldades encontradas em nosso país de ter uma visão mais preventiva e promotora de saúde. Gestores, professores, familiares e o sistema público pouco aderem ao que já há muito tempo é conhecido pelos acadêmicos, como a necessidade de cooperação de setores diversos para esta prevenção.
Um exemplo a ser citado é Minayo, pesquisadora renomada e conhecida na área de prevenção, que já havia feito um estudo exploratório¹ sobre prevenção a violência nas escolas em 2003. Percebeu-se a presença de armas de fogo e armas brancas como algo alarmante, principalmente nas escolas públicas. A família e as escolas são atores principais no enfoque dessa matéria. Para isso, é necessário que caminhem juntas, buscando estabelecer uma relação respeitosa com os jovens e promover reflexão crítica quanto aos conteúdos sobre a violência veiculados pelos meios de comunicação.
Por se tratar de um fenômeno histórico-social, construído em sociedade, a violência pode ser desconstruída. Para isso, é necessário identificar problemas específicos, fatores de risco e possibilidades de mudança. Não é uma receita de bolo, mas é possível construir aquilo que melhor se encaixa. Pode ser necessário buscar ajuda profissional psicológica/psicoterápica para auxiliar esse processo.
De acordo com um artigo recente, publicado em 2018 por pesquisadoras da Saúde Coletiva² com base em estudos com esse enfoque em Portugal e no Brasil, há um leque de possibilidades de estratégias de prevenção que funcionam:
1) desenvolvimento de relações saudáveis entre crianças e seus cuidadores;
2) redução da disponibilidade e consumo abusivo de álcool;
3) redução do acesso a meios letais, como armas de fogo, facas e pesticidas;
4) prevenção de abuso sexual de crianças;
5) prevenção da violência contra a mulher;
6) prevenção da violência no namoro.
Muito se cuida do
controle do aluno na escola e de discussões de temáticas relacionadas, mas a
prevenção da violência nas escolas é muito mais abrangente e não deve se
limitar aos educadores formalmente designados para isso.