Imparável: palavra formada por 9 letras, mas 8 fonemas (em função do dígrafo vocálico “im”); polissílaba; paroxítona (acentuada, por ser terminada em L); neologismo, estruturado pelo acréscimo do prefixo -in (negação) e do sufixo -el (responsável por formar adjetivos a partir de verbos) ao radical “parar”; morfologicamente, pode funcionar como adjetivo ou substantivo:
- O homem imparável realiza grandes obras. (Adjetivo)
- O imparável merece o nosso reconhecimento. (Substantivo)
Enquanto adjetivo, pode, sintaticamente, funcionar como adjunto adnominal (como ocorre em 1) ou predicativo do sujeito;
- Eu sou imparável!
enquanto substantivo, pode ser núcleo de diversas estruturas sintáticas – sujeito (como em 2), objetos, aposto, vocativo, agente da passiva.
- Eu conheço o imparável. (Objeto direto)
- Eu convivo com o imparável! (objeto indireto)
- Jesus, o imparável, deixou o seu exemplo para a humanidade. (aposto)
Para fazer a análise semântica, vou me apoiar em um trecho de Pe. Antônio Vieira, retirado do Sermão da Terceira Dominga do Advento:
“Quando lhe perguntavam quem era, respondeu o que fazia; porque cada um é o que faz, e não é outra cousa. As cousas definem-se pela essência: o Batista definiu-se pelas ações; porque as ações de cada um são a sua essência. Definiu-se pelo que fazia para declarar o que era.”
Segundo Vieira, uma pessoa se define por seus atos. Como “imparável” é um atributo advindo de um verbo, ele só pode fazer referências aos que, por meio de ações, revelam tal comportamento. É como definiu Gabriel Granjeiro: referente ao que não para; diz-se do que não é possível parar ou suspender. Note: o imparável é o que não para e não permite que alguém o pare. Ainda não é um vocábulo dicionarizado, mas não há impedimentos para que um dia o seja.
Por trás de tanta complexidade linguística, há algo socialmente mais brilhante: querer ser, todos os dias, imparável.
A data nos faz lembrar que, muito antes da concepção informal do verbete, alguém já reunia todas essas características: Jesus.
Para alguns, o Salvador; para todos, um exemplo. Jesus nos mostra que ser imparável está além de lutar incansavelmente por si e pelos seus, mas, sobretudo, garantir que todos possam também alcançar a imparabilidade. Ele, no mistério da cruz, revelou que, para os imparáveis, a vitória é uma consequência. Tê-lo como referência (uma das ou a referência) significa estar comprometido com a composição de um testemunho capaz de edificar a nossa sociedade! Feliz Páscoa!