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Mundo, Política

O coração do mundo

  • Júlio Miragaya
  • 22/09/2025
  • 15:31

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Foto: Reprodução

Júlio Miragaya (*)

Quando os jornais e sites de todo o mundo exibiram a foto risonha de Xi Ping, Putin e Modi tirada em Xangai, alguns devem ter lembrado do geógrafo britânico Halford Mackinder e sua teoria do Heartland. Parlamentar e professor da London School of Economics, tido como um dos “pais” da geopolítica moderna, Mackinder formulou sua teoria do Heartland em 1910. Num momento em que o eixo de gravidade do planeta estava no Atlântico Norte (EUA e Europa Ocidental), ele alegou que o controle dos mares e oceanos não era mais decisivo. Teria hegemonia quem controlasse a enorme massa territorial euroasiática. 

O Império Russo (e depois a União Soviética) e o Império Britânico (com o domínio da Índia Britânica e posições na China e Ásia Central), buscaram esse caminho, ambos frustrados. Outro que o esboçou foi o imperialismo alemão, que, mediante o Lebensraum (teoria formulada pelo geógrafo alemão Friedrich Ratzel e adotada como política de Estado pelo regime nazista), buscou o chamado “Espaço vital” no Leste Europeu (prosseguindo no Oriente Médio), indispensável para a expansão e fortalecimento do Império Alemão, resultando num retumbante fracasso. 

Findas essas experiências, a teoria do Heartland se tornou obsoleta? Talvez não! 

Em 1º de setembro último ocorreu a 25ª reunião de cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (OCX, ou SCO, na sigla em inglês), evento pouco divulgado e debatido no Brasil e em praticamente todos os países do Ocidente. Fundada em 1996, em Xangai, como grupo autodenominado “Cinco de Xangai” (China, Rússia e três países da Ásia Central – Cazaquistão, Tadjiquistão e Quirguistão), o grupo recebeu, em 2001, a adesão do Uzbequistão e formalizou seu funcionamento, se intitulando OCX. Em 2017 houve a adesão da Índia e do Paquistão, e mais recentemente, do Irã e da Bielorrússia.

Pela primeira vez na história, as condições formuladas por Mackinder vão se realizando, não pelo controle de um único país da vasta região euroasiática, mas por um conjunto de países agrupados em uma organização. Mais do que prognosticava Mackinder (do Volga ao Yangtzé, do Himalaia ao Ártico), a OCX se estende do Báltico e Mar Negro ao Mar da China, do Índico ao Ártico).

Nos próximos anos, a OCX deverá receber a adesão dos demais países da Ásia Central, hoje parceiros estratégicos (Mongólia, Afeganistão, Azerbaijão e Turcomenistão) e outros asiáticos. Já representa 30% do território do planeta, 43% da população e quase 30% do PIB/PPA. Agrupa três das quatro maiores forças armadas do mundo e quatro potências nucleares. E tem como parceiros estratégicos países do porte da Turquia, Arábia Saudita, Egito e os países da ASEAN. 

O imperialismo norte-americano acusou o golpe. Na Assembleia Geral da ONU de 2005, a OCX solicitou sua aceitação como observadora da organização, e os EUA se posicionaram contra. Mas a adesão teve ampla aprovação, votando contra apenas EUA e Israel, demonstrando o enorme isolamento do imperialismo norte-americano. Até mesmo parceiros fiéis, como Grã-Bretanha e Austrália, abstiveram-se. 

Para aprofundar esse isolamento, as três grandes potências da OCX fundaram, em 2009, junto com o Brasil, o BRIC, posteriormente Brics, com a entrada da África do Sul (atualmente são 11 países), onde discutem abertamente a adoção de uma moeda ou cesta de moedas que fuja da “ditadura” do dólar.      

Mas nem tudo são flores. As relações no âmbito da OCX, assim como do Brics, revelam divergências relevantes e mesmo sérios conflitos. A Índia tem uma histórica disputa territorial com o Paquistão (região da Cachemira), que recorrentemente descamba para conflitos bélicos. Também a tem com a China (Aksai Chin e Arunachal Pradesh ou Tibete do Sul), que já resultaram em escaramuças entre militares dos dois países. A própria China teve, no chamado Século da Humilhação (1832 a 1949), vastos territórios (Manchúria Exterior, Mongólia e Turquestão ocidental) tomados pelo Império Russo, ainda que hoje não mais os reivindique.

Mas a habilidade diplomática chinesa, aliada a seu poderio econômico que viabiliza enormes investimentos na região, tem conseguido contornar tais problemas, ajudada que é pela truculência do imperialismo norte-americano, especialmente sob Trump, e de seus “capachos” europeus, que tem afastado aliados históricos (casos da Índia, da Turquia, do Egito e da Arábia Saudita). 

Trump retaliou a Índia por se recusar a deixar de comprar petróleo (mais barato) da Rússia; a Turquia tem sido sistematicamente rejeitada pela União Europeia e Egito e Arábia Saudita buscam se distanciar dos EUA pelo apoio que dão ao massacre perpetrado por Israel em Gaza.

Passados 116 anos, o Atlântico Norte vai deixando de ser o centro do mundo e a Ásia (notadamente China e Índia) vai se tornando protagonista. Teria Mackinder encontrado sua “ressurreição”?

(*) Doutor em Desenvolvimento Econômico Sustentável, ex-presidente da Codeplan (atual IPEDF) e do Conselho Federal de Economia

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Júlio Miragaya

Doutor em Desenvolvimento Econômico Sustentável, ex-presidente da Codeplan e do Conselho Federal de Economia

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