A notícia foi postada no mundo: príncipe Harry está noivo e em breve irá se casar. E já se imagina o “conto de fadas” que vai acontecer na primavera de 2018. Este fato faz refletir a respeito das relações amorosas, casamentos, namoros, expectativas criadas pelas crenças românticas que aprendemos a admirar, desde a tenra infância e juventude. Mas, como somos ensinados a expressar um compromisso de amor? Somos ensinados? Lembro-me bem de admirar por algum tempo as histórias de princesas que passavam uma vida à espera de seus príncipes heróis, que lhes salvariam de enrascadas e lhes fariam em fim felizes! Mas… Será? Na vida é mesmo assim?
A crença no amor romântico e não no amor real ainda prevalece. Muitos ainda se casam e formam famílias esperando encontrar a princesa e o príncipe respectivos a seus ideais. O amor real não nos foi ensinado e, talvez por isso, tantas relações venham se deteriorando e muitos estão insatisfeitos. Afinal, o mocinho do filme, o príncipe que salva, não é real.
A vida é feita de pessoas e não de personagens. Pode parecer muito amargo falar assim, mas o amor real é aquele que deixa o seu “tanque emocional cheio”, sem perfeições, mas com disposição para amar e se entregar. Descobrir as linguagens do amor não é tarefa fácil, e isto faz com que muitos casais cada vez mais se disponham a procurar terapia juntos, para elaborar e olhar a relação.
A terapia de casal vem ganhando espaço. Seu objetivo direto é trabalhar e elaborar de forma consciente a relação e as formas de comunicar um com o outro. Trabalham-se as expectativas de ambos, a forma de demonstrar amor de cada um, o entendimento entre os pares e, ao contrário do que se pensa, a terapia para casais não existe no intuito apenas de reconstruir uma relação. Pode ser que o casal busque terapia visando a melhor forma de se separar, a maneira menos dolorida, madura e consciente da decisão.
A terapia de casal também aborda o amor romântico, aquele que diz que somos pessoas perfeitas e acabadas procurando nossos respectivos pares também perfeitos. Já o amor real traz a tona nossas sombras, nossas imperfeições. Não existem príncipes e nem princesas. Existem pessoas que querem se olhar de forma sincera, respeitosa, exaltando qualidades e sabendo da existência dos defeitos. A relação vale ainda mais quando nos possibilita ser melhor do que somos hoje.
Nina Magalhães Melo, Clínica Diálogo, CRP: 01/16757