Era uma vez um babaquara de Maringá e um caipira de Pato Branco formados na moral pequeno burguesa conservadora que foram catapultados pela parcela conservadora da classe média brasileira e jornalistas da grande mídia à condição de super heróis das manifestações dos “amarelos” em 2016/18.
Aliados, praticaram os maiores cambalachos jurídicos, fizeram acordos espúrios com delatores, plantaram grampos ilegais, firmaram acordos ilegais com autoridades dos EUA e da Suíça etc. Tudo isso sob o incentivo da grande mídia, os aplausos da burguesia e a omissão do STF.
Mas, num belo dia a máscara caiu, quando hackers revelaram suas ações nada republicanas na “Farsa a Jato”. Inicialmente, o babaquara e o caipira alegaram que os grampos eram ilegais, mas não explicaram por que, quando grampearam ilegalmente Lula e Dilma e vazaram as fitas para a Globo, o grampo ilegal valia.
Disseram não reconhecer a autenticidade das gravações, mas admitiram que pode ter havido tais diálogos, pois seriam “normais entre juízes e procuradores”, quando não o são. Questionaram a autenticidade das gravações (confirmada pela perícia técnica), mas se recusaram a passar seus celulares para a PF.
Tentaram, sem sucesso, transferir a decisão de liberar ou não as gravações da “Vaza Jato” de Lewandovsky para Fachin (seria também “o nosso Fachin”?). Levaram a questão para o STF e perderam na 2ª turma por 4X1.
O fato é que Moro e Dallagnol, embevecidos com a súbita idolatria da classe média, enfiaram os pés pelas mãos. Abusaram do “lawfare” (guerra jurídica) para perseguir e destilar seu ódio ao PT, a Lula, Dilma etc.
Sua sentença de carta marcada, barrando a candidatura de Lula, foi decisiva para a eleição de Bolsonaro, de cujo governo participou, e onde hoje estão alojados os verdadeiros corruptos, a turma do Centrão.
Não fossem os grampos “ilegais” dos hackers, hoje prevaleceria a farsa da Lava Jato, a maracutaia jurídica, Moro usufruindo de uma heroicidade forjada na mentira. O hacker Walter Delgatti prestou um serviço à verdade. Ele é o verdadeiro herói.
Na história, são inúmeros os casos de condenações forjadas: Capitão Dreyfus (França); Sacco e Vanzetti (EUA); as dezenas de denunciados pelo Macarthismo (EUA). Infelizmente, o aparelho judiciário brasileiro integra um conjunto de instituições moldadas para preservar um sistema injusto e corrupto.
Moro falava em acabar com a corrupção, como se a corrupção não estivesse no DNA do sistema capitalista. Moro se dizia implacável contra a corrupção, mas tinha seus corruptos favoritos. Perguntado se deveriam aprofundar a investigação que ligava FHC a operações ilícitas, foi direto: “Não, isso pode melindrar alguém cujo apoio é importante”.
O temor da turma da “Farsa a Jato” é grande, pois o que foi liberado representa apenas 2% do material em poder da PF. Se tais mensagens não servem como prova para condenar ninguém, podem servir para reparar condenações injustas.
O que a defesa de Lula e de outros deseja é um julgamento justo, isento, sem cartas marcadas.
(*) Doutor em Desenvolvimento Econômico Sustentável, ex-presidente da Codeplan e do Conselho Federal de Economia