Em uma eleição com apenas uma chapa, Carlos Arthur Nuzman foi reeleito, pela sexta vez consecutiva, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Liderando a entidade desde 1995, ele foi reconduzido com 24 votos a favor, três abstenções, um voto contrário e um nulo.
Quatro confederações e a Comissão de Atletas não enviaram representantes para votar. A eleição ocorreu na sede do órgão, no Rio de Janeiro.
Aos 74 anos de idade e há 21 anos como presidente da entidade, Nuzman terá como vice-presidente Paulo Wanderley Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Judô e membro do Conselho Executivo do Comitê Olímpico.
Contestação
Sob críticas do presidente da Confederação Brasileira de Tênis, Alaor Azevedo, o processo que culminou com a reeleição de Nuzman pode ser anulado pela Justiça. Azevedo, que faz oposição à gestão atual e votou contra a recondução de Nuzman, contesta o período para inscrição de chapas, além da falta de transparência e de democracia na entidade.
Comenta-se no COB que Paulo Wanderley Teixeira estaria sendo preparado para assumir a confederação, o que pode ainda ocorrer neste mandato, caso Nuzman se afaste. O atual presidente não descarta concorrer à Organização Desportiva Pan Americana (Odepa), cuja eleição será este ano. “Se, em algum momento, outra coisa eu for fazer, vocês saberão”, disse à imprensa, logo após a eleição.
Durante discurso após a eleição, Nuzman anunciou Agberto Guimarães como diretor-executivo de Esporte do comitê. Guimarães foi atleta olímpico dos 800 metros e 1.500 metros. Como executivo, ele foi diretor de esporte dos Jogos olímpicos e paralímpicos.
Nuzman também prometeu colaborar com melhores práticas de gestão nas confederações — algumas, acusadas de fraude em contratos– além de driblar queda na arrecadação da entidade. \”Veja uma grande diferença em deixarmos de ser organizadores para sermos atores importantes na construção e no desenvolvimento do esporte. Esse legado deve ser usado em favor do esporte, dos atletas e da juventude\”, disse.
Já Alaor Azevedo cobra mudanças no estatuto para as eleições e na administração. Ele reclama da composição do orçamento, que chamou de autoritária e comparou a gestão de Nuzman à de países com regimes pouco democráticos. \”Dos comitês olímpicos estudados, e eu estudei todos, dos comitês democráticos, a gente não estudou China, porque apesar de ter um excelente resultado, não é um país democrático, tem excelente gestão, mas não tem boa governança, Rússia, tem excelente resultados, mas não tem transparência. Dos comitês olímpicos democráticos, hoje, o COB, em termos de governança, é o 11º do mundo, só ganha do Uruguai, da Argentina, do Chile e da Espanha\”, criticou.
O dirigente criou um site chamado Muda COB com ideias para a entidade, como a criação de um Conselho de Administração e um prazo menor para campanha eleitoral.
Nuzman disse que \”quase a unanimidade\” das confederações pediram para que ele ficasse como presidente do COB, mas não comentou as críticas. “Senti a necessidade de ficar e poder contribuir e dar um pouco mais, mas principalmente, alinhavar a vida própria que cada uma [confederação] deve ter por si”.
Se completar o mandato, Carlos Nuzman terá ficado um quarto de século à frente da entidade. Em 2020, não poderá se candidatar porque a Lei 12.868, de 2013, limitou os mandatos dos dirigentes esportivos a só uma reeleição, sob pena de não receberem recursos públicos. Hoje, o governo federal é o principal financiador do COB.
Dentre as 30 confederações que podiam votar, não enviaram representantes confederações brasileiras de Desportos de Gelo, na Neve, de Taekwondo e Tiro com Arco – a última é investigada pela Polícia Federal por fraude.
O representante dos atletas, Emanuel Rego, ex-jogador de vôlei de praia, que apoiou Nuzman, não votou.
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