Da Redação
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A presidente Dilma Rousseff foi buscar no Nordeste a força para melhorar os índices de avaliação de seu governo. Na quarta-feira (25), ela recebeu, no Palácio do Planalto, os nove governadores da região. Em reunião que durou cerca de três horas, os governadores manifestaram apoio político ao governo federal e se comprometem a ajudar a aprovar o ajuste fiscal no Congresso. A estratégia do Planalto é iniciar a recuperação da imagem da presidente a partir dos estados onde ela obteve o melhor desempenho nas urnas de outubro do ano passado.
Os governadores entregaram a Dilma uma carta na qual, segundo Ricardo Coutinho (PSB), governador da Paraíba, afirmam o \”compromisso com a democracia\” e dizem que Dilma ganhou a eleição presidencial \”de forma limpa\” e \”deve governar\”. \”Não podemos concordar que o legítimo exercício do direito de oposição e de livre manifestação seja confundido com teses sem qualquer amparo na Constituição Federal, e que dificultam o pleno funcionamento das instituições brasileiras\”, diz o texto da carta.
A abertura de crédito foi outro assunto discutido durante a reunião, na qual os governadores apresentaram cinco pontos para apreciação da presidente. Além de novos financiamentos, foram discutidos a continuidade dos investimentos federais em andamento na região, o apoio à rede pública de saúde, a inclusão do Nordeste como laboratório para o Sistema Único de Segurança Pública e o combate à estiagem.
Dilma garantiu que os investimentos na região vão continuar e prometeu aprofundar a discussão sobre os temas propostos. O governo, portanto, condicionou a abertura de investimentos no Nordeste à aprovação do ajuste fiscal. O ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, também esteve na reunião e avaliou que o \”gesto de solidariedade e apoio à presidenta\” foi o ponto \”mais relevante\” do encontro.
Em nome dos estados nordestinos, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), minimizou os efeitos da lei que troca o indexador das dívidas dos estados e municípios. O projeto foi aprovado pela Câmara dos Deputados na terça-feira (24) e encaminhado para a análise dos senadores. Segundo o governador baiano, o impacto será basicamente nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo.
“O perfil e o período de contratação das dívidas dos estados do Nordeste não tem rebatimento e acolhimento com esse projeto que está no Congresso Nacional”, afirmou Rui Costa. “Para nós, é muito mais relevante discutir uma nova fonte de empréstimos e abertura de crédito para os estados, além de ver a aprovação no Senado da questão do comércio eletrônico”, concluiu.
Apoio ao ajuste fiscal
Os nove governadores aproveitaram para demonstrar apoio aos ajustes propostos pelo governo federal. “É como se nós estivéssemos em um período de chuva e avistássemos longe a possibilidade de sol e um tempo melhor. Então nós vamos trabalhar para passar o mais rapidamente possível. E para isso é necessário o ajuste fiscal, que terá o apoio dos governadores do Nordeste”, declarou o baiano Rui Costa.
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Para o governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, é preciso ter um diálogo dos governadores com os parlamentares de suas bancadas para esclarecer possíveis questões sobre os ajustes fiscais. “Vem uma proposta e tem que ser analisada, e a partir dessa análise, com seriedade necessária, oferecer o melhor para o País. O Brasil precisa de equilíbrio”, salienta Coutinho.
Ao destacar que Dilma defendeu o ajuste fiscal do governo, o ministro Aloizio Mercadante voltou a dizer que é preciso reduzir ainda mais os gastos, a fim de se reequilibrar as contas públicas. “Mesmo que você corte ministérios, você cortará os cargos de ministros e alguns cargos associados, e isso não resolve o problema fiscal no país. O que resolve é o contingenciamento dos recursos”, afirmou.
Também participaram da reunião o vice-presidente, Michel Temer, e os ministros da Secretaria de Relações Institucionais, da Fazenda, do Planejamento e da Previdência Social. Os governadores de Alagoas, Renan Filho (PMDB); do Piauí, Wellington Dias (PT); de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB); do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD); do Ceará, Camilo Santana (PT) e de Sergipe, Jackson Barreto (PMDB). Todos se comprometeram a conversar com suas bancadas e pedir apoio às propostas de ajuste fiscal. Eles voltarão a Brasília no dia 15 de abril.