No cenário da mídia televisiva nacional, agora mais do que nunca o público ouvinte está órfão de bons jornalistas, depois que Carlos Chagas pendurou as chuteiras após mais de cinco décadas exercendo a profissão com total isenção de ziquiziras e cambalachos políticos. Mineiro formado em Direito e Comunicação, em 1958 começou no Rio de Janeiro como repórter do jornal O Globo, transferindo-se pouco depois para O Estado de S.Paulo, onde permaneceu 18 anos, quando assinou colunas em 12 jornais, não raro criticando a forma de atuação da imprensa brasileira (*).
Com a mesma postura de comentarista independente e confiável, Carlos Chagas alcançou o seu auge ao apresentar programas como O Jogo do Poder, em Brasília, acumulando o expediente lecionando ética, na Faculdade de Comunicação, da UnB. Aliás, ética sempre foi extensiva à sua atuação profissional, conforme constatei de perto na década de 1990, ao trabalhar sob o seu comando na sucursal brasiliense do grupo Bloch, na qual era o diretor-geral da TV e da Revista Manchete.
À época, a equipe na redação se limitava a quatro jornalistas, pequena, porém atuante porque jamais levou furos dos concorrentes, até muito ao contrário. No grupo figuravam o repórter-fotográfico Gervásio Baptista, que começou ainda adolescente na Manchete, no Rio de Janeiro; um veterano que acumulava as funções de chefe de reportagem e repórter (eu); a brilhante repórter-fotográfica Zinda Perrú; e o foca bom de texto Marcus Achilles, recém-formado em jornalismo.
Diga-se de passagem que o nosso êxito era fruto do apoio de Carlos Chagas, que participava das reuniões de pauta e, simultaneamente, nos prestigiava junto à diretoria da matriz, no Rio, principalmente nos defendendo contra o sobrinho de Adolfo Bloch, mais conhecido como Jaquito, que não gostava de repórteres, o que era recíproco. Com a falência fraudulenta da Bloch Editores, no ano 2000, Chagas continuou comandando programas em outras emissoras com a mesma numerosa audiência, aposentando-se em 2015, após 57 anos de atividade jornalística. Dedicou-se então à advocacia e à publicação de seus livros, todos best-sellers, a exemplo de “A Ditadura Militar e os Golpes Dentro do Golpe”.
(*) Por uma mera coincidência, essa atuação não-confiável permanece até hoje, 2017. Concluindo: naquele microfone está faltando ele!
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