O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que não teve conhecimento de qualquer atuação criminosa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante o governo petista, quando presidiu o Banco Central. Ele foi ouvido hoje (10) pelo juiz federal Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, na condição de testemunha de defesa de Lula, em um dos processos a que o ex-presidente responde na Operação Lava Jato.
O depoimento foi realizado através de videoconferência. Meirelles contou que foi convidado pelo ex-presidente para comandar o Banco Central em um momento em que o país estava em crise.
“Ele (Lula) me perguntou se era possível enfrentar a crise e quais seriam as condições para eu aceitar (o convite). Eu disse a ele que sim, que era possível contornar a crise, e que eu poderia aceitar desde que o Banco Central tivesse independência de ação, e ele concordou”, relatou o ministro.
Ele acrescentou, ainda, que sempre teve independência para tomar decisões, mesmo com as divergências que surgiram entre ele e outros representantes do governo.
A defesa de Lula, então, perguntou a Meirelles se ele teve conhecimento de qualquer atividade suspeita ou ilegal do petista. “A minha relação com o presidente era totalmente focada em assuntos relativos ao Banco Central e à política econômica. Nessa interação, nunca vi ou presenciei nada que pudesse ser identificado como algo ilícito”, respondeu o ministro.
Henrique Meirelles ressaltou, ainda, não ter percebido qualquer indício de compra de apoio parlamentar ou mesmo da existência de uma estrutura criminosa comandada por Lula durante o tempo em que esteve no governo. “Em momento algum eu tive qualquer tipo de conhecimento ou interação sobre outros assuntos que não fossem aqueles de atividade direta do Banco Central”, finalizou.
Outra testemunha
O empresário Luiz Fernando Furlan, que foi ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior entre 2003 e 2007, também foi ouvido na condição de testemunha de defesa de Lula. Ao ser questionado se conhecia qualquer envolvimento do ex-presidente em atividades ilícitas, Furlan disse: “não”.
A defesa do petista lembrou, então, que o depoente, quando ministro, realizava reuniões frequentes com empresários, muitas delas com a presença de Lula. Nesse contexto, o advogado perguntou a Furlan se os assuntos tratados nessas reuniões eram de interesse do País ou de interesse particular ou partidário.
“Interesse do País. A minha ideia consistia em convidar cerca de 20 empresários para cada um dos 13 encontros que promovi, no sentido de que eles pudessem dar informações ao presidente sobre os seus respectivos setores. Ao mesmo tempo, sugeri medidas que pudessem favorecer o desenvolvimento do País. O presidente era muito mais um ouvinte desses encontros”, finalizou o ex-ministro.}