Pela segunda vez em duas semanas, Brasília registrou confrontos entre manifestantes e policiais durante protestos motivados por votações polêmicas no Congresso Nacional. Na terça-feira (13), após a aprovação da PEC do Teto dos Gastos Públicos no Senado, 88 pessoas foram presas por participação de “atos de vandalismo” que geraram choques com a Polícia Militar. Oito PMs ficaram feridos e os manifestantes detidos foram liberados após assinarem termo circunstanciado na 5ª DP.
Houve destruição de patrimônio público e privado, apontaram entidades empresariais. O presidente da Associação Comercial do DF, Cléber Pires, pediu a interferência da Força Nacional de Segurança nas próximas manifestações e que todas as pessoas lesadas acionem o Estado para serem ressarcidas.
A mobilização das forças de segurança pública foi defendida também pela Câmara de Dirigentes Lojistas do DF. Além de um ônibus da TCB incendiado durante o protesto, uma concessionária da Citröen, na W3 Norte, teve 22 veículos quebrados, totalizando um prejuízo de 30 mil.
Inquérito – Em coletiva de imprensa na quarta-feira (14), a Polícia Civil do DF anunciou que vai instaurar inquérito contra os 88 manifestantes – 44 deles de outras unidades da federação –, que será concluído em até 30 dias. Segundo o diretor da PCDF, Eric Sebba, o objetivo é encontrar os mentores do quebra-quebra. Ele não descarta a possibilidade de enquadrar os suspeitos no artigo 20 da Lei de Segurança Nacional – promulgada em 1983, na época da ditadura militar.
“Os serviços de inteligência ficarão encarregados da ação. Quebra de sigilo telefônico, análise de vídeos e monitoramento de redes sociais poderão ser utilizados para que os responsáveis pelos danos ao patrimônio público e privado sejam punidos”, disse o diretor. Os infratores podem pegar penas de três a dez anos de detenção.
Soberania nacional – Mesmo com a insatisfação da PM, que contou com um efetivo de 2,5 mil pessoas ao final da manifestação, da Polícia Civil e dos próprios manifestantes, a secretária de Segurança Pública, Márcia Alencar, considerou a operação bem-sucedida. “Esta é uma cidade com dois chefes de Estado: o governador de Brasília, Rodrigo Rollemberg, e o presidente da República, Michel Temer. Há assuntos de segurança pública ordinária, mas também de soberania nacional”, considerou.
Manifestantes atribuíram a truculência nos protestos a grupos infiltrados com o objetivo de promover baderna. Porém, afirmaram que houve um tratamento diferente da PM em relação a outros protestos, como a restrição a carros de som e hastes de bandeiras. Momentos antes do confronto, líderes de sindicatos, movimentos sociais e estudantis tentaram negociar a entrada de carros de som e hastes de bandeiras para viabilizar o protesto. Mas não obtiveram sucesso.
“Qualquer abuso dos manifestantes e da Polícia Militar precisa ser apurado. Vivemos um novo momento político no país com a entrada do governo Temer, e isso influencia na atuação da polícia. Desde o governo Geisel, isso nunca tinha acontecido (proibir a entrada de carros de som e hastes de bandeira na Esplanada dos Ministérios)”, disse o representante da sociedade civil no Conselho Distrital de Segurança Pública (Condisp), Alexandre Varela.
Advogados de manifestantes enviaram ofício solicitando uma audiência pública com o governador Rollemberg para que o tema segurança pública, especificamente em manifestações, seja debatido.
Guerra nas redes sociais
Nas redes sociais, outra guerra foi travada. Teve gente que repudiou a ação de policiais militares na contenção de manifestantes, enquanto outros criticavam os manifestantes baderneiros. Em um dos vídeos, o ônibus da TCB pegava fogo e imagens do suspeito de ter queimado o transporte circularam pela internet.
Em outro vídeo de celular, clientes de um café da Asa Norte criticavam a ação da PM, do grupamento tático Rotam, quando um dos policiais se aproximou do estabelecimento e jogou spray de pimenta contra uma idosa e uma jovem. Imagens de PMs ensanguentados também foram compartilhadas, acompanhadas de textos condenando a ação dos manifestantes.
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