Deputado distrital Chico Vigilante (PT). Foto: Júlio PontesO Brasil, ao longo de
décadas, construiu um conjunto de regras trabalhistas e previdenciárias para
assegurar proteção social aos trabalhadores. Não são privilégios. Apenas dão o
mínimo de civilidade às relações de trabalho.
Setores empresariais propagandeiam que o “excesso” de direitos promove o
desemprego. Manifestam-se contra a CLT. Foram contra o 13º salário. E
constituíram lobbies poderosos contra a inscrição na Constituição de 1988 dos
direitos trabalhistas e previdenciários.
Depois do golpe de Estado de
2016, Temer assumiu com o compromisso de realizar a reforma trabalhista pra
retribuir o apoio que a CNI, CNA e a Febraban deram ao golpe. Mudaram a CLT
prometendo reativar o mercado de trabalho. O então ministro do Trabalho,
Ronaldo Nogueira, disse que criaria 2 milhões de empregos em 2018 e 2019 com o
teletrabalho, a jornada intermitente e a jornada parcial. Pelos dados de 2018 e
os parciais até outubro de 2019, não haverá mais que 1 milhão de novos
empregos, parte deles, mera formalização dos intermitentes, até então
desprovidos de registro.
Agora, o governo Bolsonaro
promove o contrato “Verde e Amarelo”, para jovens de 18 a 29 anos. Aprova a
desoneração dos encargos sociais e trabalhistas e arrocha a remuneração dos
jovens que forem admitidos. Reduz o depósito do FGTS e a multa rescisória. Os
contratados terão prazo de até 24 meses.
Esta norma anula o direito à remuneração de férias, gratificação de
férias, 13º e FGTS. Servirá para ampliar as margens de quem contrata
temporariamente. Permitirá jogo sujo entre empresas da mesma família ou de
parceiros comerciais.
A MP 905 também inclui um
brutal desrespeito aos bancários, ao revogar um direito conquistado nos anos 30
do século passado, que é a jornada de 6 horas, sem trabalho aos sábados. Para
os trabalhadores em geral, libera o trabalho aos domingos, como se fosse dia
útil, sem nenhum adicional para compensar o dia que, pela tradição ou pela fé
religiosa, é um dia de descanso.
Incentiva a negociação
individual ou por empresa, para fragilizar os sindicatos, que perdem a
exclusividade de negociação da PLR (participação nos lucros e resultados).
Altera regras de concessão do auxílio-acidente de trabalho. Aprovaram as
reformas trabalhista e da previdência dizendo que eram fundamentais para a
retomada do crescimento e da geração de empregos. No entanto, o desemprego
alcança 12,5 milhões de pessoas, além dos 44% estão na informalidade, 26% deles
trabalhadores por conta própria. 7,3% dos brasileiros em idade de trabalhar
estão desalentados, segundo o IBGE.
O que gera emprego não é a
redução de direitos, mas, sim, investimentos públicos e privados. O que gera
emprego e oportunidades é a ampliação do acesso à educação de nível médio
profissionalizante e de nível superior.
(*) Deputado Distrital (PT-DF)