Letícia Sallorenzo (*)
Cansaço, esgotamento físico e mental, desânimo, tristeza intensa. Estes são os sintomas mais evidentes de transtornos mentais, como depressão, ansiedade, burnout. Doenças da vida moderna, que precisam ser tratadas com seriedade e respeito. A campanha Janeiro Branco foi criada em 2014 para gerar consciência não só sobre a importância da saúde mental, mas também combater os tabus que giram em torno do assunto.
“A sobrecarga de trabalho, aliada à baixa remuneração em meio à realidade de precarização do trabalho, levam os profissionais do magistério público ao esgotamento mental. Cuidar de si mesmo, cuidar da mente, é também uma forma de resistência”, afirma a coordenadora da Secretaria de Saúde do Trabalhador do Sinpro-DF, Elbia Pires. Ela lembra que o Sinpro sempre teve, por meio da Clínica do Trabalho, atenção à saúde mental da categoria, muito antes do advento da pandemia de covid-19 e do governo Jair Bolsonaro.
Categoria adoecida
O Sindicato dos Professores no DF é das poucas entidades de classe a oferecer apoio psicológico aos sindicalizados. Pesquisa realizada pelo Instituto Ame a Sua Mente, em parceria com o Instituto Nova Escola, aponta que a categoria está adoecida. A pesquisa espontânea foi feita com 5.203 professores (as) de todo o Brasil.
O perfil de quem respondeu ao questionário on-line é majoritariamente de profissionais da Rede Pública de ensino: 84,6% dos que preencheram o formulário. 70% dos professores de todo o País não contam com apoio para saúde mental. Dos educadores (as) que responderam à pesquisa, 60% vivem sentimentos intensos e frequentes de ansiedade. Cansaço excessivo e baixo rendimento acometem 48% dos entrevistados, e outros 42% relataram problemas com o sono (insônia ou sonolência). Sentimento intenso e frequente de tristeza assola 36% dos educadores.
Esse cenário fez com que, nos últimos meses, 33% dos educadores pensassem em se afastar do trabalho por conta da saúde mental.
Estresse crônico
No fim de 2021, a psicóloga Luciane Kozicz, que trabalha na área de saúde do Sinpro, elaborou o estudo “Novas formas de trabalhar, novos modos de adoecer”, realizado com 714 trabalhadores da educação.
Descobriu que a categoria do magistério público do DF sofre problemas nas cordas vocais, distúrbios osteomusculares, lesão por esforço repetitivo e doenças do aparelho respiratório.
Nos danos psicológicos, destacam-se o estresse crônico, ansiedade, depressão e síndrome de Burnout. Os danos sociais que se sobressaíram relacionam-se a sobrecarga, hiperatividade, solidão por ausência do coletivo e assédio moral.
Janeiro Branco
Pensar sobre o tema da saúde mental gera conscientização, combate tabus, orienta os indivíduos e inspira autoridades a respeito de importantes questões relacionadas às vidas de todo mundo.
O Janeiro Branco lembra também da importância de olharmos para nós e para o outro (e seu sofrimento) com empatia, respeito, carinho e verdadeiro desejo de ajudar e de fazer diferença. Afinal, uma humanidade mais saudável pressupõe uma cultura da Saúde Mental no mundo.
A cor branca representa a ideia de “folhas ou telas em branco”, sobre as quais podemos escrever, desenhar ou projetar expectativas, desejos, histórias ou mudanças com as quais sonhamos e as quais desejamos concretizar.
Em meio à campanha do Janeiro Branco, o TV Sinpro do dia 18 de janeiro, às 19h, na TV Comunitária, vai reprisar o seminário de saúde realizado pelo sindicato, sob o tema “Curto-Circuito no ensino: que nossos afetos não nos matem, nem morram”, que discutiu a violência sob a ótica da saúde.