Tersandro Vilela (*)
O Cine Brasília será palco, nesta quinta-feira (16), de uma homenagem a Jan Palach, um dos maiores símbolos de resistência ao autoritarismo no século 20. O evento, com entrada gratuita, começa, às 19h, com a exibição do filme dirigido por Robert Sedláček (2018, 124 min), marca os 56 anos da morte do jovem estudante de filosofia que desafiou a ocupação soviética na Tchecoslováquia.
Após a sessão, um debate abordará as lições de sua luta pela liberdade, contando com a participação de Aviezer Tucker, professor e especialista em regimes autoritários, André Leme Lopes, professor de história da UnB, e Pavla Havrlíková, embaixadora da República Tcheca.
Fogo no corpo – Jan Palach, estudante da Universidade Carolina, tornou-se ícone da resistência ao regime soviético após realizar um protesto extremo contra a repressão à Primavera de Praga. Este movimento reformista, esmagado pelas tropas do Pacto de Varsóvia em 1968, buscava mais liberdade e democracia na Tchecoslováquia.
Em janeiro de 1969, aos 20 anos, Palach ateou fogo ao próprio corpo na praça pública para denunciar a opressão e conclamar seus compatriotas a resistirem. Com 85% do corpo queimado, ele morreu três dias depois, em 16 de janeiro, deixando um legado que influenciou movimentos como a Revolução de Veludo, que restaurou a democracia no país.
O filme de Sedláček oferece um olhar detalhado sobre a vida e o sacrifício de Palach. A narrativa acompanha sua infância, suas viagens ao Cazaquistão e à França, e sua decisão de retornar à Tchecoslováquia após a invasão do Pacto de Varsóvia. O roteiro destaca sua participação em atos de resistência e sua crescente frustração com a apatia da sociedade diante do autoritarismo, culminando em sua autoimolação como um grito por liberdade.
Impacto – Além de celebrar o legado de Palach, o evento no Cine Brasília promove uma reflexão ampla sobre autoritarismo, valores democráticos e os sacrifícios individuais que moldam a história. O debate promete enriquecer a experiência do público, explorando como os ideais de Palach permanecem relevantes em um mundo ainda marcado por desafios à democracia e aos direitos humanos.
Para Pavla Havrlíková, o ato de Jan Palach representa a coragem e o impacto que um único indivíduo pode ter em uma sociedade. “Seu sacrifício não foi apenas uma ocorrência ao momento histórico, mas um chamado à consciência coletiva, um convite para que a sociedade tchecoslovaca lutasse por sua liberdade e direitos. Ele nos ensina que, mesmo diante da opressão, a esperança e a coragem podem inspirar transformações profundas”, comenta a embaixadora da República Tcheca.
O ato solene em memória de Jan Palach busca não apenas honrar sua coragem, mas também inspirar novas gerações a refletirem sobre a importância da liberdade e da resistência. Mais do que um registro histórico, o filme e a discussão pretendem conectar o passado às urgências do presente.
A exibição no Cine Brasília, uma oportunidade imperdível para revisitar um momento crucial da história tcheca e mundial, ocorre em parceria com a Embaixada da República Tcheca, o Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Brasília (UnB), o Cine Brasília, a Box Cultural e a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal.
(*) Jornalista pós-graduado em Filosofia, especialista em Liderança: gestão, resultados e engajamento e mestrando em Inovação, Comunicação e Economia Criativa