O partido Frente Favela Brasil já obteve registro em cartório e CNPJ. Nesta quarta-feira (30) a legenda, representará as favelas e o movimento negro no Brasil, chegou à última fase do processo de homologação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Agora, o partido terá dois meses para coletar 487.000 assinaturas e viabilizar sua candidatura nas próximas e imprevisíveis eleições de 2018.
A ação em frente ao TSE foi marcada por um grande ato com membros e voluntários do partido, na capital federal. A sigla já pode ter conta em banco, movimentá-la e receber doações. O partido já possui diretórios em todos os 26 estados e no Distrito Federal.
A ideia de criar o partido já existe há anos. Mas foi o impeachment da presidenta Dilma Rousseff que levou a militância, finalmente, à ação. Naquela votação, em abril de 2016, o Brasil viu seus 513 representantes declararem seu voto inspirados em Deus, nos corretores de seguros, nas petroleiras, no agronegócio, na família, nas netas, nas sobrinhas, nos maridos, nos torturadores da ditadura.
Descrença – Em meio ao desgastado panorama político do Brasil, o \”partido da favela\” quer alçar voos altos a negros e moradores da favela, que são historicamente esquecidos pelos políticos tradicionais – exceto em ano elitoral, claro.
O presidente do FBB é Celso Athayde. Negro, pobre, chegou a morar seis anos embaixo de um viaduto no Rio de Janeiro vendendo balinhas e comendo lixo quando era criança. Atualmente, é empresário e grande articular do movimento social nas comunidades. É considerado um protagonista com potencial político gigantesco.
O partido nasce disposto a mudar o roteiro num país onde Celso, quando veste terno, é frequentemente confundido com o motorista de um branco. Brasil, onde 54% da população se declara negra ou parda, é comandado apenas por brancos; o Ministério das Cidades calcula que há cerca de 14 milhões de pessoas morando em favelas, mas o poder vive em condomínios fechados com playground; as comunidades movimentam 68,6 bilhões de reais por ano, segundo o Instituto Data Favela, mas seus moradores mal têm acesso a serviços básicos.
Igualdade – “Queremos conquistar a igualdade estando presentes, por fim, nas esferas de poder. Os negros já estão na política, só que no cantinho reservado para eles”, diz Celso em referência aos núcleos das legendas tradicionais destinadas aos negros, como o Tucanafro do PSDB.
Os integrantes da FFB não a buscam revanche histórica, mas exigem participar do processo democrático além dos votos que os candidatos arrancam deles a cada quatro anos. O partido não recusa brancos do asfalto nas suas fileiras, mas quer os negros dos morros na liderança.
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