Nas redes sociais, circulam com fervor postagens de apoiadores do senador Izalci Lucas, que sai do PSDB e entra no PL com o título “está de volta ao jogo”. O jogo em questão, é a corrida ao Buriti em 2026, que já tem escalada a vice-governadora Celina Leão (PP).
Izalci deixa para trás, 27 anos depois, um ninho tucano decadente, com apenas um só senador após sua saída. Na Câmara, são apenas 14 deputados. Para algum espaço nas comissões, no início da legislatura, tiveram que compor um bloco bastante heterodoxo, que vai do PSB e PDT, ao Avante, PP e Patriota.
Não fosse o histórico, hoje o PSDB poderia ser rotulado de nanico. No DF, não tem nenhum distrital e o número de filiados definha. Em 2019, eram 27 mil, hoje, são 18,8 mil. Dentre os que abandonaram o ninho, nomes tradicionais da política local, como a ex-governadora Maria de Lourdes Abadia.
Há muito, Izalci tenta demonstrar identidade com o bolsonarismo. É uma estratégia de sobrevivência. Sabe que à esquerda não teria qualquer respaldo, e na centro-direita existe um engarrafamento de pretendentes.
Ele, que foi vice-líder do governo Bolsonaro, na gestão Lula busca se posicionar de forma mais marcante, até mesmo do que Damaris Alves (Rep). Chegou a condecorar, com diploma de honra ao mérito, um dos invasores do Congresso Nacional.
Na CPMI do 8 de janeiro, defendeu a tese de que o golpe foi armação do governo Lula. Izalci quer transparecer mais radical do que os bolsonaristas-raiz, pois sabe que o ex-presidente tem um eleitorado forte no Distrito Federal.
Xadrez – O retrato do tucanato candango é fruto da gestão Izalci, que administrou o partido como uma capitania hereditária. Antes de pular de ninho, deixou seu filho no comando do PSDB-DF, o que pode facilitar uma eventual coligação com o PL, caso o senador consiga a legenda, ou um porto seguro para regressar.
Izalci busca musculatura no PL e nos partidos conservadores que orbitam em sua volta (Republicanos, União Brasil, Podemos etc.). Esse é o principal entrave que tem pela frente. O meio de campo da centro-direita está engarrafado, tanto para o GDF, quanto para o Senado.
Nomes como Michele Bolsonaro, Bia Kicis e Damaris podem obstruir os sonhos dele. Há ainda a potencial candidatura do governador Ibaneis Rocha ao Senado. Analistas acreditam que o senador pode sofrer do mesmo tratamento que Flávia Arruda sofreu em 2022, e na hora H ficar abandonado à própria sorte.
Como num jogo de tabuleiro, Izalci pode cair naquela casa que lhe obrigará a recuar dois espaços para recomeçar a caminhada. Sem legenda para o GDF ou Senado, lhe restaria disputar uma vaga para a Câmara Federal.
Mas também aí pode haver ruídos. Hoje, o PL-DF tem na Casa sua presidente, Bia Kicis, e o coronel Alberto Fraga, eleito na carona de Kicis. Dificilmente, o PL elegeria 3 dos oito deputados. Até hoje, o único partido a conseguir isso foi o PT.
Se Kicis decidir sair ao Senado, Izalci teria que se contentar com uma legenda para a Câmara, e na tabelinha com Fraga tentar assegurar duas vagas. Difícil. Se Kicis decidir continuar na Câmara, Fraga pode ser o mais prejudicado.
Izalci ainda corre o risco de ver seu filho destituído do comando do PSDB. Sob o comando de Marconi Perillo, o tucanato está sofrendo uma reformulação em todo o País. Direções regionais têm sido reformuladas para atender ao projeto do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, de se candidatar à presidência da República.
Em 2022, Izalci apoiou João Doria, que se digladiava com Leite. O troco pode vir agora, com a direção nacional impondo uma intervenção do PSDB-DF. Portanto, como se vê, a “volta ao jogo” de Izalci mais parece aquelas mudanças de estágios no videogame, onde os inimigos se apresentam mais fortes e ferozes.