Nos últimos dias, assistimos a grande mídia fazendo estardalhaço e criticando a declaração do Presidente Lula de que “Israel está cometendo vários atos de terrorismo em Gaza ao matar crianças e mulheres que não estão em guerra”. O que há de errado nesta frase? Rigorosamente nada!
O que é terrorismo? O uso deliberado da violência contra pessoas ou instituições como forma de intimidação com fins políticos, ideológicos, econômicos ou religiosos. Trata-se da realização de atentados brutais e assassinatos visando impingir o terror, aterrorizar grupos variados de pessoas.
Pode ser ato de um indivíduo ou de uma organização, motivado por vingança ou por um determinado propósito, ainda que infundado. Seus alvos podem ser autoridades governamentais, visando inibir sua ação política; determinados segmentos sociais, visando seu aniquilamento ou a população civil de forma geral, visando simplesmente espalhar o pânico.
Mas o terrorismo pode ser também praticado por um governo, um regime político, mediante a imposição do terror por meio de medidas violentas. São os casos clássicos do regime nazista na Alemanha, do fascismo italiano, do regime stalinista na ex-URSS, do regime racista sul-africano, das ditaduras militares latino-americanas (Brasil, Argentina, Chile e Uruguai) e inúmeros outros.
E é, indubitavelmente, o caso do governo Netanyahu, em Israel. É importante destacar que não se pode atribuir a um Estado a condição de terrorista. O que ocorre é que um Estado pode ter, durante certo tempo, regimes ou governos que pratiquem o terrorismo contra outros povos ou contra seu próprio povo.
Há, porém, que se diferenciar o terrorismo praticado contra civis, absolutamente condenável, e atos praticados por movimentos de resistência – nacionalistas, anticolonialistas e anti-imperialistas – contra autoridades políticas, com o intuito de mitigar a agressão do Estado, como os praticados pela Resistência Francesa à ocupação nazista e pela Resistência Argelina contra a ocupação francesa.
Quando a ALN assassinou Henning Boilesen, presidente da Ultragás em 1971, seu objetivo era intimidar um grupo de grandes empresários paulistas que financiava a Operação Bandeirantes (OBAN), integrada por militares do DOI-CODI, como o major Brilhante Ustra (ídolo do clã Bolsonaro), que se dedicava a capturar, torturar e assassinar lideranças operárias e estudantis que resistiam à ditadura militar.
Embora o Hamas seja uma organização palestina de resistência à agressão israelense, sendo reconhecida como tal pelo povo palestino, o que ele fez em 7 de outubro, ao matar civis desarmados (muitos residentes em kibutz e críticos da política de Netanyahu), não foi um ato de resistência, foi um ato terrorista abominável.
Do mesmo modo é terrorismo o que faz o governo Netanyahu em Gaza, aterrorizando 2,3 milhões de palestinos mediante bombardeios sistemáticos em áreas residenciais, campos de refugiados, hospitais, escolas e matando mais de 12 mil civis, notadamente crianças indefesas.
Desindustrialização – Há entre os economistas brasileiros uma antiga polêmica sobre uma suposta desindustrialização do país. Embora o valor da produção industrial e a geração de empregos no setor tenha crescido nas três últimas décadas, em termos relativos, é inegável a perda de espaço da indústria de transformação no PIB e na ocupação, num ritmo excessivo para um país de renda média.
É também inegável a reduzida competitividade da indústria brasileira, notadamente dos segmentos mais dinâmicos. Isso fica evidente ao observarmos que a participação de produtos manufaturados na nossa pauta exportadora retroagiu a níveis da década de 1970 e que o déficit no comércio externo de produtos de alta e média tecnologia supera os US$ 100 bilhões.
De outro lado, dos US$ 340 bilhões que serão exportados pelo Brasil em 2023, 68% (US$ 230 bilhões) virão das 13 principais comodities agrícolas (soja, milho, carnes bovina, de aves e suína, açúcar, café, algodão, suco de laranja e celulose) e minerais (petróleo e derivados, minério de ferro e ouro).
Em 2000, esse percentual não chegava a 30%, numa evidente reprimarização da pauta exportadora do país. Muitos vêm tal resultado com euforia, apenas pela geração de divisas, sem computar que essas exportações são isentas de tributos (Lei Kandir) e muitos desses produtos geram enormes passivos ambientais e sociais.