Convidados pelo deputado distrital Chico Vigilante (PT), comerciantes que possuem lojas e quiosques na rodoviária do Plano Piloto, integrantes da Associação dos Usuários da Rodoviária de Brasília (AURB), chamaram a atenção, nesta quarta-feira (8), para os problemas observados no local, que têm sido objeto de falta de segurança e de manutenção de instalações. Quem frequenta a área tem reclamado de constantes cenas de violência e o tema tem sido abordado com especial atenção por parte do deputado.
A questão foi tema de audiência pública realizada pela Câmara Legislativa do DF (CLDF) a pedido do parlamentar. Contou também com a participação de representantes do Governo do Distrito Federal (GDF), que deram explicações sobre tais problemas.
“É uma situação dramática de abandono e descaso, afirmou Vigilante, em relação à rodoviária. O distrital lembrou que o local já foi um dos cartões de visita da cidade, mas hoje sofre com ocupação desordenada. “O desafio é encontrar mecanismos para que a rodoviária volte a ser um local seguro e satisfatório para a população”, destacou.
Na audiência, Vigilante divulgou um vídeo no qual uma das associadas da entidade, Maria de Jesus, mostra problemas como vazamentos no teto, sujeira nos banheiros e instalações elétricas deterioradas. Isso sem falar em assassinatos, assaltos constantes, trocas de tiros e presença de traficantes e usuários de drogas observados na área. De acordo com a depoente, o lugar recebe diariamente cerca de 500 mil pessoas.
Já o presidente da AURB, Keeslew Caixeta Lobo, afirmou que o cenário de dificuldades no local teve início na gestão do ex-governador Rodrigo Rollemberg, com o que chamou de “obras mal planejadas e mal executadas”. Mas ele também criticou o atual governo ao ressaltar que hoje “a situação de abandono é total. Lobo pediu às secretarias do DF uma mobilização para atuação conjunta na área e reivindicou orçamento próprio para a rodoviária, como já aconteceu em gestões anteriores. “A população tem o direito de passar pelo local para fazer seu lanche por custo baixo e seguir a vida para o trabalho”, disse.
Sucateamento
Para o administrador da Rodoviária do Plano Piloto, Josué Martins de Oliveira, o atual governo encontrou o espaço sucateado, com “reformas paradas”, mas tem tentado fazer mudanças desde que assumiu. Oliveira também defendeu a retirada de camelôs e ambulantes do local. Já o chefe do departamento de Edificações da Novacap, Carlos Alberto Spies – um dos órgãos responsáveis pela manutenção e zeladoria da rodoviária – contou que está preocupado em especial com a falta de segurança no local e o risco de de incêndios. Spies citou problemas de infiltração em reservatórios de água, elevadores e escadas, entre outras questões estruturais. Argumentou que estão sendo feitos novos projetos para a reforma e manutenção desses espaços.
Também participante do encontro, o secretário das Cidades do DF, Valmir Lemos Oliveira, disse que a rodoviária “soma questões de transporte, infraestrutura, assistência social, saúde pública e fiscalização” e que concorda com muitos dos problemas apresentados. Segundo ele, o governo tem realizado ações para a recuperação do local, mas elas “ainda não se tornaram perceptíveis para a comunidade. “A situação vai melhorar com a recente decisão do governo de retornar a administração da rodoviária para a Secretaria de Transportes e Mobilidade”, enfatizou.
Reforma na rodoviária
Ao se dizer “satisfeito” em saber que esta pasta vai “assumir o terminal rodoviário”, o deputado Chico Vigilante solicitou ao secretário de Transportes, Valter Casimiro, esclarecimentos sobre a questão dos permissionários. Casimiro explicou que o processo licitatório de concessão não tem como objetivo a exploração comercial das lojas, mas sim dar condições de segurança e manutenção aos equipamentos públicos. A intenção, de acordo com ele, é preservar os permissionários legais hoje existentes.
O titular da pasta ainda acrescentou que o GDF tentará dar velocidade às ações e obras no local já no início de 2022. Com isso, Chico Vigilante ficou de marcar uma nova audiência pública sobre o tema na segunda quinzena de março, como forma de ser avaliado o que foi reparado e restaurado até lá. “Queremos acompanhar toda essa questão para dar mais humanidade àquela região central de Brasília, tão importante para a nossa capital”, frisou.